Uma tomada de posse do cargo de Ministro, logo suspensa, produz efeitos de imunidade perante a justiça para aquele que foi
empossado?
Se o verdadeiro objectivo da atribuição do
cargo de Ministro por Dilma a Lula da Silva foi o de protegê-lo perante o juiz
Moro, como ficamos agora?...
Na origem de toda esta confusão está a Petrobrás
com todos os milhões do petróleo, especialmente quando, ainda não há muito
tempo, o crude estava a 100 dólares o barril, naquele período áureo de 2011 a 2013, e que permitiu
o desencadear de um fenómeno de corrupção que alastrou e generalizou a tudo
quanto era político, num montante total de vários milhares de milhões.
A corrupção é uma espécie de vírus que ataca todos, mas mais uns países do que outros. Os latinos são especialmente vulneráveis e mais
ainda na extensão sul americana.
Trata-se de uma “doença” que mina a sociedade,
destrói a confiança, desmoraliza os cidadãos, afecta a esperança, provoca o desânimo.
É difícil fazer a contabilidade dos prejuízos
materiais numa sociedade para todos os casos de corrupção, mas não é impossível.
Difícil mesmo, senão impossível, será avaliar
os danos psicológicos e morais que ficarão sempre de fora da contabilidade dos
números.
O povo brasileiro está a reagir fortemente. Vai
para as ruas, agita bandeiras nacionais, bate em panelas, desfila pelas
avenidas inconformado, numa prova de grande maturidade cívica e sério aviso
para as elites governantes.
Lula tinha um crédito enorme junto do povo. Distribuiu
muito dinheiro aos mais pobres através das “bolsas família”, num período favorável
de crescimento económico.
Poder-se-ia pensar que foi uma acção demagógica, que
teria sido preferível levar essas camadas da população a integrarem-se no
mundo do trabalho remunerado em vez de os fazer perder tempo infinito em incontáveis filas aguardando a entrega
dos apoios.
Deslocaram-se empresas para o nordeste mas as suas estruturas vieram do sul e pouco mais fizeram que aproveitar a mão-de-obra
barata da região.
As coisas são o que são e quando as pessoas
passam mesmo mal, sem preparação profissional nem habilitações, o “negócio” é mesmo dar, e Lula da Silva, que
vinha dessas origens sociais, foi mesmo isso que fez, melhorou as condições de
vida das pessoas que passavam mal.
Apresentou-se ao povo como uma pessoa diferente,
e até pelo seu estilo e imagem, pouco ou nada tinha a ver com os seus pares da classe política.
Acabou em beleza o seu mandato e, com o seu
prestígio, “disse” aos brasileiros quem lhe devia suceder e Dilma foi para o
poder.
Entre ambos, criou-se uma relação de amizade e cumplicidade política
que está agora a vir ao de cima, patente nos últimos acontecimentos e revelada,
especialmente, nas escutas telefónicas que o juiz Moro deu a conhecer ao povo.
No entanto, das escutas, direi alguma coisa amanhã.
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