sexta-feira, março 18, 2016

E agora, Brasil?












Uma tomada de posse do cargo de Ministro, logo suspensa, produz efeitos de imunidade perante a justiça para aquele que foi empossado?

Se o verdadeiro objectivo da atribuição do cargo de Ministro por Dilma a Lula da Silva foi o de protegê-lo perante o juiz Moro, como ficamos agora?...

Na origem de toda esta confusão está a Petrobrás com todos os milhões do petróleo, especialmente quando, ainda não há muito tempo, o crude estava a 100 dólares o barril, naquele período áureo de 2011 a 2013, e que permitiu o desencadear de um fenómeno de corrupção que alastrou e generalizou a tudo quanto era político, num montante total de vários milhares de milhões.

A corrupção é uma espécie de vírus que ataca todos, mas mais uns países do que outros. Os latinos são especialmente vulneráveis e mais ainda na extensão sul americana.

Trata-se de uma “doença” que mina a sociedade, destrói a confiança, desmoraliza os cidadãos, afecta a esperança, provoca o desânimo.

É difícil fazer a contabilidade dos prejuízos materiais numa sociedade para todos os casos de corrupção, mas não é impossível.

Difícil mesmo, senão impossível, será avaliar os danos psicológicos e morais que ficarão sempre de fora da contabilidade dos números.

O povo brasileiro está a reagir fortemente. Vai para as ruas, agita bandeiras nacionais, bate em panelas, desfila pelas avenidas inconformado, numa prova de grande maturidade cívica e sério aviso para as elites governantes.

Lula tinha um crédito enorme junto do povo. Distribuiu muito dinheiro aos mais pobres através das “bolsas família”, num período favorável  de crescimento económico.

Poder-se-ia pensar que foi uma acção demagógica, que teria sido preferível levar essas camadas da população a integrarem-se no mundo do trabalho remunerado em vez de os fazer perder tempo infinito em incontáveis filas aguardando a entrega dos apoios.

Deslocaram-se empresas para o nordeste mas as suas estruturas vieram do sul e pouco mais fizeram que aproveitar a mão-de-obra barata da região.

As coisas são o que são e quando as pessoas passam mesmo mal, sem preparação profissional nem habilitações,  o “negócio” é mesmo dar, e Lula da Silva, que vinha dessas origens sociais, foi mesmo isso que fez, melhorou as condições de vida das pessoas que passavam mal.

Apresentou-se ao povo como uma pessoa diferente, e até pelo seu estilo e imagem, pouco ou nada tinha a ver com os seus pares da classe política.

Acabou em beleza o seu mandato e, com o seu prestígio, “disse” aos brasileiros quem lhe devia suceder e Dilma foi para o poder.

Entre ambos, criou-se uma relação de amizade e cumplicidade política que está agora a vir ao de cima, patente nos últimos acontecimentos e revelada, especialmente, nas escutas telefónicas que o juiz Moro deu a conhecer ao povo.

No entanto, das escutas, direi alguma coisa amanhã.

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