As escutas telefónicas em crimes especialmente graves e difíceis
de averiguar dada a sua sofisticação, como os de terrorismo e os chamados de “colarinho
branco”, são, sem dúvida, um poderoso e eficaz instrumento de esclarecimento da
verdade e de uma eventual acusação.
No entanto, constituem um grave atentado à nossa liberdade e, por
isso, entre nós, precisam de ser autorizadas por um juiz e os seus resultados são
peças de um processo da justiça reservadas a esse processo, de acesso vedado ao público.
Contudo, viu-se o que aconteceu aqui ,
em Portugal, com as escutas a Sócrates que, na prática, foi julgado e
sentenciado na praça pública pela sua divulgação.
Volta agora a acontecer no Brasil com as escutas a conversas
telefónicas entre Lula e Dilma, Presidente e Ex-Presidente, dadas ao
conhecimento público e, pasme-se, pelo próprio juiz do processo que devia zelar
pelo seu segredo.
Dito isto, divulgada a escuta, o seu conteúdo passa a ser um facto
político, assunto de conversa e influência das pessoas que, no caso concreto,
das escutas de Lula e Dilma levaram a uma manifestação numa avenida de São
Paulo.
O Brasil está a viver um momento de grave agitação social que
perturba e afecta a vida das empresas, provoca aumento do desemprego e fome
porque o esquema da segurança social está à beira do desastre dado o aumento de beneficiários
e a diminuição dos contribuintes.
Neste momento, está estabelecida a confusão e a desconfiança entre
as próprias instituições do Estado cujos representantes e responsáveis se
comportam de forma politizada e partidarizada.
A sociedade em si manifesta sinais de rupt ura
dividindo-se em duas grandes classes: a dos ricos e remediados e a dos pobres.
Aos primeiros, chamam os “coxinhas”, que aqui
em Portugal seriam os “queques ou betinhos”. Os outros, são os “petralhas”, fusão
entre os petistas, do PT, partido dos trabalhadores de Lula da Silva, e os “irmãos
metralha”.
Aos primeiros, chamam os “coxinhas”, que a
Esta divisão está mergulhar com intensidade na vida das pessoas, a
separá-las, dando lugar à intolerância.
Há vizinhos que se deixaram de falar, outros que trocaram de
emprego ou do bairro em que viviam.
Parece, para já, uma situação irreconciliável para a qual não se vê alternativa política pois quase todas as pessoas proeminentes estão mergulhados no processo Lava Jacto.
Lula da Silva está descredibilizado mas acredita na sua base social
de apoio, em todos aqueles a quem o seu governo, em 2003, atribuiu “Bolsas Família”,
apoios sociais que vinham já do tempo do Presidente Fernando Henrique Cardoso,
e que constavam da transferência de Rendas do Estado para as famílias pobres, e
foi considerado o maior programa do mundo de combate à pobreza.
Entretanto, foi investida um Comissão que vai julgar Dilma para,
eventualmente, a destituir, e que é constituída por 65 deputados dos quais, 37
estão a ser investigados, um está na lista da Interpol, outro é réu em 6
processos e há até, desse grupo, quem já tenha sido condenado três vezes.
Sobre Dilma, não pesa nenhuma acusação...
Apetece citar Luís Fernando Veríssimo:
- A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa praga no governo”.
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