Foi assim que começou tudo... 15 de Março de 1147 |
HOJE
É
DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém em 10/4/16)
Há dois dias atrás, precisamente do dia 8
de Abril, fiz 77 anos. Esta manhã, ainda na cama, antes de me levantar, pensei
que podem muito bem ter sido os meus últimos prováveis anos em capicua.
Dou-me conta, que a partir de uma certa
altura da vida, os anos que temos passam a ser factor, senão de preocupação,
pelo menos de pensamento, numa espécie de luta contra o tempo na qual,
inevitavelmente, ele irá levar a melhor.
Deste dia em que fiz 77 anos, vai ficar
registado o abraço da parabéns da minha neta mais pequenina, de 3 anos, a Matilde
que nem sequer é dada a abraços, antes abracinhos nos seus momentos de saudade
e ternura, especialmente com a avó e a mãe.
Abraço, propriamente dito, nem me lembro
que me tenha dado algum mas, no passado dia 8, o do meu aniversário, ela chegou
cedo a nossa casa, muito linda, como sempre, olhos azuis esverdeados, loirinha,
cabelo apanhado em rabo de cavalo, como gosto de lhe ver.
Vinda na direcção do meu quarto, ia
dizendo à avó: “... esquecia-me de dar os parabéns ao avô!”
Ajoelhei-me, abri os braços e trocámos um
longo abraço, como aqueles do antigamente quando dizíamos: - “Ora venham de lá
esses ossos!...”.
A Matilde é daquelas crianças dotadas de
uma imaginação delirante que ocupa muito do seu tempo representando cenas a que
agora se chamam sketches.
No outro dia, em frente da Caixa
Multi-Banco, dizia para a avó: ... «levanta-me aí 20 euros que eu fui com a bebé
ao médico e não paguei a consulta!...»
Esta bebé é uma criação da sua imaginação,
não sua filha, apenas está a seu cargo para efeitos de educação e prestação de
cuidados de saúde... Ralha com ela, grandes relambórios, quando ela se porta
mal e preocupa-se com o seu estado, sempre em longos monólogos levados
muito a sério.
Como todos já se aperceberam, hoje não há
casa nenhuma que não esteja polvilhada de cartões: são multi-bancos, superfícies
comerciais, todos nos enviam cartões em reconhecimento da nossa importância como
clientes...
Estes cartões fazem agora as delícias da
Matilde que há dias foi para junto de mim com uma série deles e de um brinquedo
com teclas que tocam musicas diferentes, e do qual ela pretendia levantar
dinheiro com os cartões carregando nas várias teclas.
Perante o insucesso das tentativas
disse-me:
- “Ó avô vê lá se consegues levantar
dinheiro...”
.- Esforcei-me, procurei inserir o cartão numa ranhura invisível e fui tentando, carregando nas várias teclas enquanto ela acompanhava os meus esforços até que, batendo com a mão na testa, exclamou:
.- Esforcei-me, procurei inserir o cartão numa ranhura invisível e fui tentando, carregando nas várias teclas enquanto ela acompanhava os meus esforços até que, batendo com a mão na testa, exclamou:
- “Ó
avô, não pode ser porque aqui não há
rede!...
- "Claro que não pode ser, cabeça a nossa,
sem rede não podemos levantar dinheiro, corroborei eu em seu apoio, levantando os braços...!"
Quantos anos é que eu tenho?... - Quantos disse que fiz?... Com a Matilde o tempo pára.
posted by Joaquim Paula de Matos at 3:20 da tarde
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