(Na minha cidade de Santarém em 21/8/16)
Era uma vez um
pequeno animal ao qual viríamos a pôr, 500 milhões de anos mais tarde, o nome
de Pikaia.
Não era grande, cerca de 5 centímetros de
tamanho, e tão poucas probabilidades de sobreviver que bem se pode afirmar, não
fosse por uma inesperada fortuna, ele teria ficado para sempre esquecido lá nos
mares do Câmbrico e nós… bem… nós não estaríamos cá e tudo quanto é vida à
superfície da terra teria sido diferente.
Claro que o Pikaia já não existe mas
à sua época e contra todas as probabilidades, ele ganhou a sua guerra entre
presas e predadores e fez vingar o seu modelo anatómico, o primeiro, que iria
servir de base evolutiva a tudo quanto foram peixes, anfíbios, répt eis, aves e mamíferos.
- Notável, não é?
É que o Pikaia tinha a
particularidade de possuir, como originalidade, uma espécie de cérebro e de
espinha dorsal, ou melhor, uma corda nervosa ao longo do resto do corpo e
assim, alguém que queira procurar o seu mais remoto antepassado, vai encontrar
O Pikaia.
Apareceu no período Câmbrico, quando
houve uma explosão de vida nos mares então existentes que de há muito eram
apenas habitados por esponjas, organismos semelhantes a flores sem capacidade
para se moverem nem fazer coisas que associamos a animais. Mesmo assim, foi a
partir delas que se deu uma revolução genética pois inventaram tipos de células
que interagiam, comunicavam e cooperavam entre si constituindo-se em organismos
pluricelulares que tinham a capacidade revolucionária do movimento.
Foi quando apareceram em cena os
Cnidários. Tinha começado a guerra, a paz das esponjas terminara. Daí para a
frente, a evolução consistiu no desenvolvimento de esquemas de ataque e defesa
ou seja, a procura, por parte de uns, de vantagens para não serem comidos, e de
outros a vantagem de os comerem.
Esta guerra foi factor para a
explosão de vida então registada, permitida, muito provavelmente, pelo aumento
dos níveis de oxigénio no planeta mas, de qualquer maneira, a conclusão a
retirar da leitura do Livro da Terra feita por Geólogos, Paleontólogos,
Arqueólogos e especialistas afins, é a de que a Vida está ligada à guerra e não
à paz. Com a paz das esponjas não se foi a lado nenhum durante centenas de
milhões de anos.
As variações do modelo anatómico
herdado do Pikaia, 35 ao todo, foi tudo quanto aconteceu ao longo dos últimos
500 milhões de anos em que milhões de espécies existiram e
desapareceram até chegarmos às actuais.
Está tudo escrito nas pedras, uma
história real, verídica, a dos herdeiros do Pikaia.
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