quinta-feira, agosto 18, 2016

José Eduardo

dos Santos












Os nossos olhos vêm as imagens, os nossos ouvidos, os testemunhos e a nossa alma enche-se de tristeza e desilusão!

É evidente que não temos nada com o que se passa em Angola, Luanda e bairros limítrofes, mas eu não posso apagar da memória as recordações do passado.

Por centímetros, mais a cima ou ao lado, e a bala ter-me-ia tirado a vida, em Outubro de 1963, naquele vale profundo de encostas revestidas a floresta, lá nas matas, a norte do Rio Dange.

Ontem, quando vi na televisão, a Luanda de hoje, senti vontade, também, de ir tirar satisfação aos responsáveis!

- Então foi para isto que eu perdi a guerra e vocês a ganharam?...

Mas ganharam o quê? – Um país?

– Não, porque já o perderam...

– O petróleo? - Não, porque o preço já mal dá para os custos de exploração, lá nas profundezas do oceano...

-Claro que essa era a vossa terra, e fizeram bem em lutar e eu sempre me senti um estranho e intrometido com uma arma na mão, nas matas do norte de Angola... mas, o pior é agora, quando o vosso povo vos pedir contas do dinheiro que embolsaram e deram a embolsar na época do barril do petróleo a 100 dólares...

O pior é a satisfação que vão ter que dar aos vossos mortos, aqueles que nós matámos para vocês ascenderem à independência, e à história que vai ser feita para os vossos netos e bisnetos.

A ambição era legítima, não o podia ser mais, mas para enriquecerem meia dúzia de corruptos?...

José Eduardo dos Santos, engenheiro de petróleos, Presidente há 37 anos, é hoje um homem só, perseguido pela obra política de uma vida, agora, que com o preço do barril pela metade já não tem dinheiro para distribuir e calar bocas...

Corre o risco de ter de fugir do país para defender a própria vida pois, tirando os filhos, já não tem ninguém em quem confiar.

Aquilo que ele poderia ter feito na sua terra, para além de descansar o rabo em cadeirões luxuosos, quando o petróleo esteve em alta, daria para encher uma lista das coisas mais elementares e básicas, como saneamento básico, estradas, educação, saúde, desenvolvimento económico...

As famílias de todos os portugueses mortos em combate ao longo de 13 anos de luta, perguntam-se se foi para estes políticos corruptos e ladrões, que merecem o desprezo do seu povo, que os seus filhos morreram.

Agora, já não somos nós, portugueses, que para isso nunca tivemos legitimidade, são os angolanos que vão ter de ajustar contas com a cambada de políticos seus, oportunistas gananciosos, porque se nós perdemos uma guerra que nunca devíamos ter ganho, muitos angolanos caíram em combate para que este homem, hoje, José Eduardo dos Santos e seus acólitos, pudessem ter enchido contas bancárias em países estrangeiros onde hotéis de luxo os esperam para fim das suas vidas.

José Eduardo dos Santos é a vergonha de um povo e de um país.

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