dos
Santos
Os nossos olhos vêm as imagens, os nossos ouvidos, os testemunhos
e a nossa alma enche-se de tristeza e desilusão!
É evidente que não temos nada com o que se passa em Angola, Luanda
e bairros limítrofes, mas eu não posso apagar da memória as recordações do
passado.
Por centímetros, mais a cima ou ao lado, e a bala ter-me-ia tirado
a vida, em Outubro de 1963, naquele vale profundo de encostas revestidas a
floresta, lá nas matas, a norte do Rio Dange.
Ontem, quando vi na televisão, a Luanda de hoje, senti vontade,
também, de ir tirar satisfação aos responsáveis!
- Então foi para isto que eu perdi a guerra e vocês a ganharam?...
Mas ganharam o quê? – Um país?
– Não, porque já o perderam...
– O petróleo? - Não, porque o preço já mal dá para os custos de
exploração, lá nas profundezas do oceano...
-Claro que essa era a vossa terra, e fizeram bem em lutar e eu
sempre me senti um estranho e intrometido com uma arma na mão, nas matas do norte de Angola... mas, o pior é agora,
quando o vosso povo vos pedir contas do dinheiro que embolsaram e deram a embolsar
na época do barril do petróleo a 100 dólares...
O pior é a satisfação que vão ter que dar aos vossos mortos,
aqueles que nós matámos para vocês ascenderem à independência, e à história que
vai ser feita para os vossos netos e bisnetos.
A ambição era legítima, não o podia ser mais, mas para
enriquecerem meia dúzia de corrupt os?...
José Eduardo dos Santos, engenheiro de petróleos, Presidente há 37
anos, é hoje um homem só, perseguido pela obra política de uma vida, agora, que
com o preço do barril pela metade já não tem dinheiro para distribuir e calar
bocas...
Corre o risco de ter de fugir do país para defender a própria vida
pois, tirando os filhos, já não tem ninguém em quem confiar.
Aqui lo que ele poderia
ter feito na sua terra, para além de descansar o rabo em cadeirões luxuosos,
quando o petróleo esteve em alta, daria para encher uma lista das coisas mais
elementares e básicas, como saneamento básico, estradas, educação, saúde,
desenvolvimento económico...
As famílias de todos os portugueses mortos em combate ao longo de
13 anos de luta, perguntam-se se foi para estes políticos corrupt os e ladrões, que merecem o desprezo do seu povo,
que os seus filhos morreram.
Agora, já não somos nós, portugueses, que para isso nunca tivemos
legitimidade, são os angolanos que vão ter de ajustar contas com a cambada de
políticos seus, oportunistas gananciosos, porque se nós perdemos uma guerra que
nunca devíamos ter ganho, muitos angolanos caíram em combate para que este
homem, hoje, José Eduardo dos Santos e seus acólitos, pudessem ter enchido
contas bancárias em países estrangeiros onde hotéis de luxo os esperam para fim
das suas vidas.
José Eduardo dos Santos é a vergonha de um povo e de um país.
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