Ateísmo
de Douglas
Adams
Richard Dawkins fala do "comovente e divertido relato que
Douglas Adams faz da sua própria conversão ao ateísmo radical – ele insistia no
“radical” para o caso de alguém o confundir com um agnóstico – é uma prova do
poder do Darwinismo enquanto despertador das consciências.
Espero ser perdoado por me permitir alongar tanto na citação que
se segue. A minha desculpa é que a conversão Douglas pelas minhas obras
anteriores, que não pretendiam converter ninguém, me inspirou a dedicar à sua
memória este livro.
Numa entrevista reeditada postumamente, um jornalista
perguntou-lhe como se tinha tornado ateu.
Douglas iniciou a resposta explicando como se fizera agnóstico, logo acrescentando":
- «Eu pensei, pensei. Mas não tinha muito por onde avançar,
por isso não cheguei a nenhuma decisão.
Tinha imensas dúvidas em relação à ideia de deus mas não sabia o
suficiente sobre o que quer que fosse para o substituir por um bom modelo de
uma eventual explicação para, sei lá, a vida, o universo e tudo o que há.
Mas eu insisti e continuei a ler e continuei a pensar. A certa
altura, estava eu a entrar na casa dos 30 quando tive um encontro com a
biologia evolutiva, particularmente sob as formas dos livros de Richard
Dawkins, o Gene Egoísta e, a seguir, o Relojoeiro Cego.
De repente, (creio que ao ler o Gene Egoísta pela segunda vez)
todas as peças se encaixaram. Era um conceito de uma simplicidade assombrosa,
mas que deu origem, naturalmente, a toda a infinita e desconcertante
complexidade que a vida contem.
O espanto que inspirou em mim fazia parecer com que o espanto de que as pessoas falam relativamente à experiência religiosa me parecesse, francamente, pateta quando postos ambos lado a lado.
Eu colocaria o espanto da compreensão acima do espanto da ignorância, não tenho dúvidas sobre isso.»
E Richard Dawkins continua:
"É evidente que o conceito de simplicidade assombrosa de que Adams aqui fala nada tinha a ver comigo. Ele
falava era de Darwin e da sua teoria da evolução por selecção natural – o
grande despertador de consciências científico.
Douglas, tenho saudades tuas. És o meu convertido mais
inteligente, o mais alto e possivelmente também o único. Espero que este livro
te consiga fazer rir – embora não tanto como tu a mim".
Richard Dawkins – “A
Desilusão de Deus”
Nota:
Douglas Adams, famoso comediante britânico, falecido em 2001 com 49 anos, ficou famoso por ter escrito os textos para a série televisiva Monty Python's tendo sido, igualmente, um activista ambiental.
As suas piadas são do mais
profundo e arrojado humor que já me foi dado conhecer. Felizmente, com a
sua divulgação através da televisão, passaram para o domínio público.
A mim, Richard Dawkins, não me converteu ao ateísmo. Na verdade, já não era crente mas a leitura dos seus livros assentou as minhas ideias e tornou tudo muito mais claro. Por isso, estou-lhe muito agradecido.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home