sábado, setembro 17, 2016

José Rodrigues - escultor
Para onde vão os mortos
















Eu peço desculpa por me referir ao que dizem os padres, neste caso, o padre Anselmo Borges, que é também filósofo e escreve no jornal que leio diariamente.

Um padre não é uma pessoa qualquer, vulgar, é a voz de uma Igreja, a Católica Romana. O que ele diz, foi dito, ou podia tê-lo sido, ao longo dos séculos, por muitos dos seus antecessores, padres católicos como ele.

O escultor José Rodrigues, artista de muitas artes, faleceu e quando morre um artista fica uma espécie de enorme buraco que não é fácil de preencher porque os artistas rareiam, o que aumenta o sentimento de perda de todos nós, seus conterrâneos, independentemente de termos, ou não, sido amigos dele em vida.

Anselmo Borges era amigo dele e, na sua qualidade de padre, resolveu rapidamente o problema da sua ausência: - "ele não foi embora, está no Sagrado, na Beleza, onde sempre esteve."

Esta convicção, profunda e sincera, satisfaz os espíritos crentes porque, para eles, as pessoas não morrem, simplesmente mudam de lugar.

Anselmo Borges recorda a pergunta de Tolstoi, na hora da morte de Ivan Ilitch moribundo:

 - "Para onde vão os mortos?" perguntava o filósofo Sofo B. Welte. E reflectia: - "Para o silêncio? Ninguém pode escapar-lhe e ninguém de lá alguma vez voltou".

Mas, pergunta Anselmo Borges, inconformado: - "Trata-se de um silêncio morto ou de um silêncio vivo, habitado?"

Esta é a grande vantagem das pessoas religiosas e que os ateus, como eu, não têm. Para eles, o Silêncio e o Nada estão vivos, preenchidos pelos mortos, onde se irá incluir José Rodrigues, artista, falecido e amigo de Anselmo Borges.

Aquele que para os seus conterrâneos, admirador dos artistas, deve ser uma recordação dos vivos, mais ou menos sofrida, para Anselmo Borges nem há lugar a essa recordação porque ele apenas mudou de lugar, ou talvez nem isso:

 - "Ele não foi embora, está no Sagrado, na Beleza, onde sempre esteve."

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