Richard Dawkins |
ADITAMENTO
ao EPITÁFIO
Como
podemos nós, os poucos privilegiados que, contra todas as probabilidades,
ganhámos a lotaria do nascimento, atrever-nos a queixar do nosso inevitável
regresso a esse estado anterior do qual a esmagadora maioria nunca despertou?
É evidente que existem excepções, mas eu desconfio, que para muitas pessoas, a principal razão pela qual se mantêm agarrados à religião não é o facto de esta dar consolo, mas de lhes ter faltado o apoio do sistema educativo e de ensino e de não ter sequer a consciência de que a não-crença é uma opção.
Isto é seguramente verdade para a maior parte das pessoas que se julgam Criacionistas. O que aconteceu, pura e simplesmente, foi que não lhes ensinaram de maneira adequada a espantosa alternativa proposta por Darwin.
É evidente que existem excepções, mas eu desconfio, que para muitas pessoas, a principal razão pela qual se mantêm agarrados à religião não é o facto de esta dar consolo, mas de lhes ter faltado o apoio do sistema educativo e de ensino e de não ter sequer a consciência de que a não-crença é uma opção.
Isto é seguramente verdade para a maior parte das pessoas que se julgam Criacionistas. O que aconteceu, pura e simplesmente, foi que não lhes ensinaram de maneira adequada a espantosa alternativa proposta por Darwin.
Provavelmente, o mesmo será verdade no que se
refere a esse mito desmerecedor que diz que as pessoas “necessitam” da
religião.
Num recente colóqui o realizado em 2006, um antropólogo citou Golda
Meir quando lhe perguntaram se acreditava em Deus. “Acredito no povo judeu, e o
povo judeu acredita em Deus”. O nosso antropólogo ofereceu a sua versão da
frase: “Acredito nas pessoas e as pessoas acreditam em Deus”.
Quanto a mim prefiro dizer,
simplesmente, acredito nas pessoas e sucede que as pessoas, quando devidamente
incentivadas a pensar, pela sua cabeça, em toda a informação actualmente
disponível, muitas vezes não acreditam em Deus e levam vidas realizadas,
felizes e, naturalmente, libertas.
Vamos
morrer e por isso somos nós os bafejados pela sorte. A maior das pessoas nunca
vai morrer, porque nunca vai chegar a nascer. As pessoas potenciais que
poderiam ter estado aqui , no meu
lugar, mas que na verdade nunca verão a luz do dia, excedem em número os grãos
de areia de deserto do Sara.
Seguramente, nesses fantasmas que não
vão chegar a nascer incluem-se poetas maiores que Camões e cientistas maiores
que Newton. Sabemos isto porque o conjunto de pessoas potenciais permitidas
pelo nosso ADN é, esmagadoramente, superior ao conjunto de pessoas com existência
efectiva.
Não obstante esta ínfima probabilidade, sou eu, somos nós, que na nossa vulgaridade, aqui estamos... e vamos morrer.
Não obstante esta ínfima probabilidade, sou eu, somos nós, que na nossa vulgaridade, aqui estamos... e vamos morrer.
Richard Dawkins
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