segunda-feira, outubro 24, 2016

Os Predadores e
os Totós
















Não há volta a dar. Na sociedade humana qualquer que seja o regime político os vencedores são sempre os predadores. Nem os mais inteligentes, mais belos, mais trabalhadores, mais bondosos. Não, nenhum destes. Os vencedores são os predadores.

Numa luta simulada entre um tigre e um leão quem deveria levar a melhor era o tigre, pelas suas características físicas mais poderosas. No entanto, quem ganharia seria o leão porque tem mais desenvolvidas as suas características de predador, de brigão, de vontade, de ambição de ganhar.

O mundo nunca será dos “totós”, independentemente de serem pouco ou muito inteligentes. Ou nascem com o gene de predador e vão à luta ou o lugar que lhes está reservado será sempre discreto.

O regime político é importante para definir o grau de sofisticação desta luta porque, quanto mais forem as regras de boa convivência inscritas na lei, mais rigoroso for o seu cumprimento por parte dos Tribunais, maior for a liberdade das notícias na Comunicação Social, maior o espírito crítico dos cidadãos e a censura pública, mais os predadores terão que refinar os seus métodos.

Quem viveu no regime do Salazar e agora em democracia percebe melhor a diferença. Com a PIDE, as pessoas eram manipuladas directamente pela ameaça violenta, chegando-se ao assassínio.

Agora, a manipulação faz-se pelo poder que o predador tem de facilitar a vida em termos de emprego, promoções no local de trabalho, ofertas, facilidades também para a família, chegando-se a conquistar votos a troco de uma dentadura para a namorada ou à compra pura e simples dos votos.

Porque votos são poder e quem consegue arregimentar votos tem poder. Constitui a sua pirâmide que se vai articular e apoiar noutras pirâmides começando numa simples freguesia - o pequeno cacique -  passando para outros níveis, concelhio, distrital e, finalmente, nacional, mas sempre, sempre, pirâmides de poder.

Os totós são aqueles que não se envolvem nestas pirâmides de poder, que não têm ambições, que não trocam nem vendem o seu voto porque preferem ser fieis ao seu pensamento político ou, perante tão maus exemplos da classe dominante, simplesmente desinteressam-se não percebendo que alguém, um dia, se irá interessar por ele, quer ele queira ou não.

Um exemplo vivo e mais conhecido de predador no nosso país foi o Miguel Relvas. Entregou-se à conquista do poder logo nos tempos da escola e tal foi a dedicação que não lhe sobrou tempo para os estudos o que procurou compensar mais tarde, tirando um Curso por equiparação.

Não faço ideia de qual é o quociente de inteligência do Relvas mas, um homem que caiu no anedotário nacional deve, pelo menos, ter levado longe de mais aquelas que ele julgava serem as suas capacidades e acabou por cair no ridículo... embora tenha conseguido levar a água ao seu moinho colocando um apaniguado seu no cimo da pirâmide do poder mais importante do país.

O predador é um obcecado, não tem tempos livres, o seu pensamento não divaga, não sonha, não perde tempo a ver o pôr - do – sol e mesmo que o olhe não o vê.

No outro dia espera-o reuniões e ele tem que pensar na estratégia da persuasão, na negociação a fazer, nos trunfos de que dispõe, porque a vida de um predador é muito exigente, uma teia de cumplicidades requer muito trabalho e, na área do poder, ganha quem manipular mais e melhor.

Estamos nas mãos dos predadores, do Relvas, de todos os Relvas deste país e a meia dúzia de dias de novas eleições os predadores para além de exaustos, estão nervosos.

São muitos os empregos que estão em jogo, muito dinheiro ao fim do mês. Ao longo de mais de 4 anos adquiriram-se hábitos de gastos que terão de ser cortados de acordo com o risco que têm os lugares de natureza política: duram enquanto durar o governo que os nomeou!

Como dizia o nosso grande Eça de Queiroz, os políticos são como as fraldas dos bebés: devem-se mudar frequentemente por razões óbvias...

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