Antropólogos
Um grupo de três antropólogos (um inglês, um francês e um português) parte numa arriscada expedição científica para estudar os hábitos de uma tribo tibetana de canibais, famosa pelos seus poderes prodigiosos e por usar a pele humana para fabricar as melhores pirogas do mundo.
Chegados à fronteira do território desta tribo terrível, de onde ninguém regressara vivo, os guias sherpas piraram-se, deixando os três intrépidos cientistas entregues à sua sorte. Preparados para o pior, estranharam a recepção fidalga e hospitaleira dispensada pelos canibais, que os estragaram com mimos de toda a espécie.
Só repararam que tinham estado no período da engorda quando o chefe da tribo lhes comunicou, com uma solene amabilidade, que eles iam ser submetidos a uma prova.
Cada cientista tinha o direito a um pedido - o mais extravagante que a sua imaginação concebesse. Seria devolvido à civilização, se eles não conseguissem satisfazer esse o pedido. Caso contrário entraria imediatamente no circuito alimentar da tribo e a sua pele seria usada no fabrico de uma piroga.
- "Quero um cognac Cornet Vintage de 1811, servido pela miúda do anúncio da Martini, trazida no Rolls Royce dos Beatles", pediu, bastante seguro de si, o cientista inglês.
Uma onda de agitação percorreu os canibais, que se afadigaram numa lufa-lufa de faxes e telefonemas. Duas horas volvidas, a menina da Martini, saída do célebre Rolls, patinava com a bandeja na mão em direcção ao inglês, que fleumaticamente saboreou o cognac pré-filoxera antes de ser atirado para o fundo da panela.
- "Quero ver aqui , a desfilarem à minha frente, nuas e montadas em camelos albinos, as dez últimas Miss Mundo", exigiu o francês. A seguir à azafama habitual dos indígenas, o desejo foi satisfeito e o segundo cientista chacinado e os seus restos mortais transformados em salsichas e pirogas.
Chegada a sua vez, o português surpreendeu tudo e todos ao pedir um garfo. "Um garfo?!? Um garfo de ouro? O garfo cravejado de diamantes do imperador Bokassa?", interrogou atencioso o chefe dos canibais.
"Não, um garfo qualquer", precisou o português que, após ver o pedido atendido, desatou a furar furiosamente a sua pele, espetando-se com o garfo enquanto gritava repetidamente:
- "Ide fazer pirogas para o caralho!!!"
NOTA
O espírito tuga desta anedota apoderou-se dos nossos compatriotas que esgotaram os seus destinos preferidos - Algarve, Cabo Verde, Brasil e Caraíbas - nestas férias da Páscoa. A troika do FMI e os economistas bem alertam para a necessidade de poupar e avisam que no 1.º trimestre a taxa de aforro caiu 75% .
- "Ide fazer pirogas para o caralho!!!" - respondem os tugas.
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