terça-feira, janeiro 10, 2006

Memórias futuras - no presente.

Image Hosted by ImageShack.us Agradeço-te os comentários oportunos e enriquecedores que fizeste no teu blog ao texto que te enviei sob o tema “Quando o Tempo que nos Ultrapassa” que, reconheço, é “coisa” demasiado pomposa e pretensiosa para servir de moldura a uma pequenina história, ou mais precisamente a um episódio da minha juventude com as pessoas da nossa aldeia que eu descobri trinta e tal anos antes de ti quando ela era ainda mais aldeia e os seus habitantes mais genuínos e autênticos na sua ligação a um passado em que durante séculos tudo ou quase tudo sempre girou à volta da horta, do burro, do porco e de algumas cabras e ovelhas e dessas pessoas, sem dúvida, a tua bisavó, a minha avó “pequenina” e o cognome não é de agora, já vem desse tempo, era para mim a mais querida.

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Claro que este desfasamento entre os avanços da tecnologia e as pessoas iletradas (gosto mais deste termo do que analfabetas) da Concavada era inevitável, e foi comum a todas as aldeias do nosso Portugal mas não tenho dúvidas que o que aconteceu ao longo do século XX nunca tinha acontecido nem voltará a acontecer na história da humanidade com a mesma intensidade, e o mesmo impacto, tendo eu a sorte de estar lá a testemunhá-lo sem ter bem a noção da raridade do momento que vivia.
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Não mais viremos a ser surpreendidos como então o fomos porque o mundo da comunicação veio para ficar, e mesmo quando tivermos as televisões da 3ª geração em que as pessoas de dentro da “caixinha” vão ver as que estão cá fora - da mesma forma que as que estão fora vêm as que estão dentro e que a minha avó “pequenina”, num rasgo de premonição, muito ao estilo do Júlio Verne, conseguiu antecipar, mesmo quando isso acontecer, já não nos admiraremos tanto - ouquase nada.

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Neste momento, como todos nos apercebemos, existe até uma antecipação relativamente às descobertas científicas que nos são dadas pela televisão como se já tivessem acontecido quando, como é o caso muitas vezes da medicina, apenas existe um processo de cura bem encaminhado nos laboratórios e quando no mercado aparece uma máquina nova que normalmente é o resultado de uma anterior mas aperfeiçoada já todos a conhecíamos dos ecrãs da TV. As utopias de hoje são sempre as realidades de amanhã; lembremo-nos do automóvel, do avião e o mais.
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E eu pergunto-te quantos portugueses por este país fora tinham visto automóveis antes do primeiro aparecer lá nas estradas da aldeia a acelerar no meio de uma nuvem de pó, de tal forma que o pessoal até fugia com medo? Quando muito, alguns, tinham ouvido falar deles.

Mesmo sem referir os jornais e revistas que se publicam diariamente, sem esquecer que todas as pessoas hoje sabem ler, temos a inevitável TV que nos mostra tudo quanto há e também o que se espera vir a haver.

E é neste aspecto que eu digo que a situação é irrepetível e aquilo a que eu assisti quase em cheio e tu ainda de raspão, (não esquecer do fulano que ajeitava o cabelo para não parecer mal a quem lia o telejornal) é qualquer coisa que provoca um tipo de sentimentos e reacções que não estou a ver que voltem a acontecer.

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É como se a humanidade andasse aos solavancos: durante muito tempo tudo num “rame-rame” e depois um salto para um novo patamar e a seguir outro “rame-rame” e durante os entretantos destes “rame-rames” cozinha-se a fogo lento o salto seguinte até quando, até onde?

Ultimamente entrámos numa espécie de vertigem em que os avanços nas comunicações com recurso a satélites irão permitir que qualquer um de nós, vá para onde for, em qualquer lugar do mundo, seja localizado com uma margem de erro de um metro e a leitura do nosso código genético que levada até às suas últimas consequências - poderá eliminar todas as deficiências congénitas, reparar em vida as avarias do nosso corpo e, desse modo, prolongar a nossa existência até sei lá que idade quando o mecanismo do envelhecimento vier a ser completamente compreendido e depois manipulado. Tudo isto serão mais uns tantos saltos que, não tarda muito, virão a ser dados.
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Por cá, entre nós… é a Globalização, não sei se a Feliz mas é ela o grande salto e disso não temos dúvidas, com que novos desafios? Os que irão ser levantados pelas ideologias suicidas do Sartori? Imigração económica, criminalidade importada, desemprego importado somado ao desemprego endógeno e o mais...

Em todos estes domínios caminhamos tão rapidamente que nos faz pensar como seria interessante nascermos novamente daqui a 100 anos, recordando com todo o pormenor o mundo que tínhamos deixado 100 anos antes. Grande tese de doutoramento que farias então com o título: “Regressando aos Clássicos 100 anos Depois”…. era batota mas era giro…

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E agora que estamos a falar de batota, já sei porque é que a brasileira te perguntou se tu eras "paulista" quando lhe disseste que a tua terra tinha 900Km de comprimento por 300 de largura. É que com estas dimensões a superfície de Portugal seria de 270.000Km quadrados, ou seja, mais do tripulo dos seus 89000 km quadrados. Sabendo isto muito bem, a “brasuca,”mulher muito informada, percebeu logo que português não podias ser mas Paulista porque não se até falavas brasileiro?

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