O comunicado do prof. Freitas
Nos nossos dias a política é um processo muito dinâmico em que os factos se sucedem ao ritmo de cada dia que passa, acrescentando sempre qualquer coisa que suplanta por vezes o interesse e a atenção dos acontecimentos anteriores.
É o que aconteceu com o Comunicado do Prof. Freitas que a partir do momento em que foi tornado público passou a ser mais notícia e motivo de comentário do que os próprios cartoons que lhe estiveram na origem.
Este desvio da atenção das imagens e das notícias dos ataques às embaixadas da Dinamarca nos países do costume e que correspondiam a reacções orquestradas e levadas a cabo exactamente para serem notícias e incutirem entre nós o medo foi positivo numa estratégia de guerra de informação.
Quando aqui há uns dias escrevi sobre os cartoons, afirmei que as únicas limitações à liberdade de expressão e de publicação de notícias, desenhos ou caricaturas deverão ser apenas as que estão previstas na lei mas acrescentei, igualmente, que defendendo o direito de as publicar não me pareceu de bom senso tê-lo feito, não pelo receio de ferir as sensibilidades dos seguidores de Maomé porque era evidente que vivendo eles a religião da forma como a vivem iriam ficar ofendidos, mas sim porque estamos, nós todos, em guerra com os radicais islâmicos na sua cruzada contra o Ocidente e a publicação dos cartoons correspondia exactamente ao que o inimigo pretendia que nós fizéssemos para os ajudar a enraizar ainda mais no espírito das populações muçulmanas o ódio aos infiéis e a necessidade de levar por diante a sua guerra santa.
A liberdade corresponde a um direito estabelecido e reconhecido pela lei de todos os países ocidentais eventualmente, admito, com algumas diferenças aqui ou ali, mas o direito que estabelece essa liberdade não nos caiu no prato da sopa como mosca distraída e como todos nós sabemos e muitos de nós ainda nos lembramos muita gente lutou e morreu por ela.
A liberdade tem os seus inimigos e neste momento os grandes inimigos da liberdade são os radicais islâmicos que comandam os destinos de todos aqueles milhões de pessoas profundamente religiosas que vivem no Irão, na Síria, na Palestina e um pouco por todo o mundo árabe e que hoje já não se atrevem a discordar dos ataques às Embaixadas não porque todos concordem com eles mas porque têm medo de o fazer.
Para os líderes desta cruzada não lhes basta o exercício das ditaduras religiosas que prosseguem nos seus países porque sabem que nenhuma ditadura pode viver em paz enquanto milhões e milhões de pessoas em todo o mundo Ocidental não só desfrutam de liberdade como ainda por cima vivem muito melhor que eles.
As mortes que provocaram nos E.U.A., Inglaterra, Espanha e tantas outras, não falando já daquelas que só não aconteceram porque foram abortadas pela intervenção das nossas polícia, demonstram o ódio exarcebado que nos votaram e a determinação colocada na guerra que desencadearam contra nós.
Mas então a nossa liberdade deve ser cerceada pelo facto de vivermos esta situação de guerra despercebida por quem distraidamente vive em liberdade?
Claro que não, mas utilizar inteligentemente a nossa liberdade é muito diferente e não tem nada a ver com o cerceamento do direito à liberdade. A liberdade é minha, foi-me conferida e no respeito pela lei faço dela o uso que eu entender mais inteligente ou mais conveniente e eu teria decidido não publicar os cartoons sobre Maomé. Só isto.
Tendo sido publicados, ficamos sujeitos às consequências, os que as publicaram e todos os que indirectamente podem ser atingidos com essas publicações, que somos todos nós, Ocidentais, mesmo que o Prof. Freitas queira vir agora, com o texto do Comunicado, por o “rabinho de fora”.
É o princípio da máxima liberdade, máxima responsabilidade, tão-somente.
De resto, só em liberdade é que se aprende com os erros que se fazem por termos liberdade, além de que o seu uso nos limites liberta muita adrenalina como se percebe agora pela repetição dos cartoons em outros jornais franceses já em nítido tom de desafio ao que os iranianos responderam com desenhos a troçar do holocausto enfim… espiral de provocação…
Infelizmente nunca saberemos se um próximo suicida que irá matar as próximas vítimas não terá sido recrutado com a ajuda dos cartoons do Maomé e é pena que nunca o venhamos a saber mas é fácil de calcular que se não for determinante pode perfeitamente ter ajudado e para mim, a minha liberdade pára onde começa o risco de vida do meu semelhante.
E porque tudo isto tem a ver com uma estratégia de guerra, o Comunicado do Prof. Freitas também não ajudou nada, embora ele, tal como o outro que publicou os cartoons, também tenha toda a liberdade de emitir os comunicados que achar mais convenientes mas posições de fraqueza de governos ocidentais caem como sopa no mel no prato dos radicais islâmicos nossos declarados inimigos.
Mas é estranho o conteúdo do texto do Prof. Freitas porque num Estado de Direito, Laico e Democrático estes pedidos de desculpa não fazem sentido a não ser numa óptica paternalista.
Se a lei foi infringida julga-se e pune-se o prevaricador, em caso contrário resta aos ofendidos manifestarem o seu desagrado de forma democrática e não violenta.
E não foi isso que aconteceu e o Prof. Freitas não teve uma palavra de solidariedade para com o governo da Dinamarca que viu as suas Embaixadas atacadas e queimadas e os seus funcionários postos em fuga como se fossem criminosos.
Claro que o Prof. Freitas sabe que do outro lado está o inimigo e foi precisamente a pensar nele que o comunicado foi redigido como foi, de forma a não o atiçar mais, do género: “não vamos fazer mal a quem nos pede desculpa”, julga ele.
Mas eu creio que também sob este aspecto ele se enganou. Nesta guerra de cruzada contra os infiéis do Ocidente, o nosso país não tem expressão sendo perfeitamente irrelevante que peça ou deixe de pedir desculpas, mas já não será irrelevante para um qualquer líder radical extremista haver um país europeu que reconhece as ofensas e pede desculpas como se a gravidade da ofensa pudesse ser resolvida dessa forma tão simples.
O Prof. Freitas é um homem inteligente mas neste caso parece-me ter sido demasiado ingénuo e depois, numa tentativa de se subtrair às críticas ou de se explicar, apresentou uma versão que ainda foi mais surpreendente quando afirmou que o seu Comunicado fugiu ao politicamente correcto o que só deveria ter sido possível a partir de um grande acto de coragem da sua parte, presumimos nós.
Ou seja: não repudiou nem se solidarizou com a Dinamarca, nosso parceiro europeu, que viu as suas embaixadas assaltadas, queimadas, bombardeadas e os seus diplomatas praticamente em fuga, bateu a bom bater na nossa liberdade e no uso que dela fizemos só para agradar aos “ayatolas” extremistas quando, mesmo que fosse esse o seu pensamento, não o deveria ter reconhecido e muito menos ao próprio inimigo.
Sinceramente, não sei onde está a coragem nem o politicamente incorrecto mas ele, que é o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, saberá com certeza.
É o que aconteceu com o Comunicado do Prof. Freitas que a partir do momento em que foi tornado público passou a ser mais notícia e motivo de comentário do que os próprios cartoons que lhe estiveram na origem.
Este desvio da atenção das imagens e das notícias dos ataques às embaixadas da Dinamarca nos países do costume e que correspondiam a reacções orquestradas e levadas a cabo exactamente para serem notícias e incutirem entre nós o medo foi positivo numa estratégia de guerra de informação.
Quando aqui há uns dias escrevi sobre os cartoons, afirmei que as únicas limitações à liberdade de expressão e de publicação de notícias, desenhos ou caricaturas deverão ser apenas as que estão previstas na lei mas acrescentei, igualmente, que defendendo o direito de as publicar não me pareceu de bom senso tê-lo feito, não pelo receio de ferir as sensibilidades dos seguidores de Maomé porque era evidente que vivendo eles a religião da forma como a vivem iriam ficar ofendidos, mas sim porque estamos, nós todos, em guerra com os radicais islâmicos na sua cruzada contra o Ocidente e a publicação dos cartoons correspondia exactamente ao que o inimigo pretendia que nós fizéssemos para os ajudar a enraizar ainda mais no espírito das populações muçulmanas o ódio aos infiéis e a necessidade de levar por diante a sua guerra santa.
A liberdade corresponde a um direito estabelecido e reconhecido pela lei de todos os países ocidentais eventualmente, admito, com algumas diferenças aqui ou ali, mas o direito que estabelece essa liberdade não nos caiu no prato da sopa como mosca distraída e como todos nós sabemos e muitos de nós ainda nos lembramos muita gente lutou e morreu por ela.
A liberdade tem os seus inimigos e neste momento os grandes inimigos da liberdade são os radicais islâmicos que comandam os destinos de todos aqueles milhões de pessoas profundamente religiosas que vivem no Irão, na Síria, na Palestina e um pouco por todo o mundo árabe e que hoje já não se atrevem a discordar dos ataques às Embaixadas não porque todos concordem com eles mas porque têm medo de o fazer.
Para os líderes desta cruzada não lhes basta o exercício das ditaduras religiosas que prosseguem nos seus países porque sabem que nenhuma ditadura pode viver em paz enquanto milhões e milhões de pessoas em todo o mundo Ocidental não só desfrutam de liberdade como ainda por cima vivem muito melhor que eles.
As mortes que provocaram nos E.U.A., Inglaterra, Espanha e tantas outras, não falando já daquelas que só não aconteceram porque foram abortadas pela intervenção das nossas polícia, demonstram o ódio exarcebado que nos votaram e a determinação colocada na guerra que desencadearam contra nós.
Mas então a nossa liberdade deve ser cerceada pelo facto de vivermos esta situação de guerra despercebida por quem distraidamente vive em liberdade?
Claro que não, mas utilizar inteligentemente a nossa liberdade é muito diferente e não tem nada a ver com o cerceamento do direito à liberdade. A liberdade é minha, foi-me conferida e no respeito pela lei faço dela o uso que eu entender mais inteligente ou mais conveniente e eu teria decidido não publicar os cartoons sobre Maomé. Só isto.
Tendo sido publicados, ficamos sujeitos às consequências, os que as publicaram e todos os que indirectamente podem ser atingidos com essas publicações, que somos todos nós, Ocidentais, mesmo que o Prof. Freitas queira vir agora, com o texto do Comunicado, por o “rabinho de fora”.
É o princípio da máxima liberdade, máxima responsabilidade, tão-somente.
De resto, só em liberdade é que se aprende com os erros que se fazem por termos liberdade, além de que o seu uso nos limites liberta muita adrenalina como se percebe agora pela repetição dos cartoons em outros jornais franceses já em nítido tom de desafio ao que os iranianos responderam com desenhos a troçar do holocausto enfim… espiral de provocação…
Infelizmente nunca saberemos se um próximo suicida que irá matar as próximas vítimas não terá sido recrutado com a ajuda dos cartoons do Maomé e é pena que nunca o venhamos a saber mas é fácil de calcular que se não for determinante pode perfeitamente ter ajudado e para mim, a minha liberdade pára onde começa o risco de vida do meu semelhante.
E porque tudo isto tem a ver com uma estratégia de guerra, o Comunicado do Prof. Freitas também não ajudou nada, embora ele, tal como o outro que publicou os cartoons, também tenha toda a liberdade de emitir os comunicados que achar mais convenientes mas posições de fraqueza de governos ocidentais caem como sopa no mel no prato dos radicais islâmicos nossos declarados inimigos.
Mas é estranho o conteúdo do texto do Prof. Freitas porque num Estado de Direito, Laico e Democrático estes pedidos de desculpa não fazem sentido a não ser numa óptica paternalista.
Se a lei foi infringida julga-se e pune-se o prevaricador, em caso contrário resta aos ofendidos manifestarem o seu desagrado de forma democrática e não violenta.
E não foi isso que aconteceu e o Prof. Freitas não teve uma palavra de solidariedade para com o governo da Dinamarca que viu as suas Embaixadas atacadas e queimadas e os seus funcionários postos em fuga como se fossem criminosos.
Claro que o Prof. Freitas sabe que do outro lado está o inimigo e foi precisamente a pensar nele que o comunicado foi redigido como foi, de forma a não o atiçar mais, do género: “não vamos fazer mal a quem nos pede desculpa”, julga ele.
Mas eu creio que também sob este aspecto ele se enganou. Nesta guerra de cruzada contra os infiéis do Ocidente, o nosso país não tem expressão sendo perfeitamente irrelevante que peça ou deixe de pedir desculpas, mas já não será irrelevante para um qualquer líder radical extremista haver um país europeu que reconhece as ofensas e pede desculpas como se a gravidade da ofensa pudesse ser resolvida dessa forma tão simples.
O Prof. Freitas é um homem inteligente mas neste caso parece-me ter sido demasiado ingénuo e depois, numa tentativa de se subtrair às críticas ou de se explicar, apresentou uma versão que ainda foi mais surpreendente quando afirmou que o seu Comunicado fugiu ao politicamente correcto o que só deveria ter sido possível a partir de um grande acto de coragem da sua parte, presumimos nós.
Ou seja: não repudiou nem se solidarizou com a Dinamarca, nosso parceiro europeu, que viu as suas embaixadas assaltadas, queimadas, bombardeadas e os seus diplomatas praticamente em fuga, bateu a bom bater na nossa liberdade e no uso que dela fizemos só para agradar aos “ayatolas” extremistas quando, mesmo que fosse esse o seu pensamento, não o deveria ter reconhecido e muito menos ao próprio inimigo.
Sinceramente, não sei onde está a coragem nem o politicamente incorrecto mas ele, que é o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, saberá com certeza.
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