terça-feira, outubro 16, 2007

A aliança Filipe Menezes / Santana Lopes




A Aliança Filipe Menezes/ Santana Lopes



A imprevisibilidade de alguns dos nossos políticos superou as capacidades de adivinhação dos nossos melhores comentadores políticos.

Que não, que Santana Lopes não seria o líder parlamentar do PSD com Filipe Menezes na Presidência para evitar “uma chefia bicéfala”, “um apagamento da pessoa de F. Menezes nas suas novas funções”, “uma luta de dois galos na mesma capoeira”, etc. etc.

No entanto, parece que depois da eleição de F. Menezes para Presidente, S. Lopes será mesmo o próximo líder da bancada parlamentar do PSD e o que se pode perguntar é se este desfecho favorece os interesses políticos de ambos os protagonistas que o mesmo é dizer do PSD ou se, pelo contrário, vai determinar a queda de ambos e a que prazo, arrastando, naturalmente, o PSD que já não está muito bem.

Outra pergunta a fazer é se a aceitação, por parte de Filipe Menezes, de Santana Lopes para líder parlamentar, correspondeu mesmo à vontade do novo Presidente do PSD ou se lhe foi imposta por aquele e, finalmente, se essa aceitação, assumida ou imposta, representa um sinal de força ou de fraqueza de Filipe Menezes.

Dizem os analistas políticos que podemos esperar dos partidos num futuro próximo uma atitude cada vez mais populista e demagógica, em parte resultante das eleições directas dos respectivos líderes e, se assim for, qualquer um destes dois políticos já deu provas de ter o perfil indicado.

Repare-se, como ao bom estilo das telenovelas, Filipe Meneses se fez acompanhar pelo filho mais novo quando, no Congresso, se dirigia ao palco para discursar não sem antes se ter despedido dele com um beijinho, certo de que a televisão não deixaria de transmitir esta cena que seria vista com olhares embevecidos por muitos apoiantes, sensíveis a comportamentos de pais extremosos e bons chefes de família.

Marques Mendes foi condenado pela sua falta de carisma, sendo certo que a sua figura também não o ajudava numa política espectáculo mas, pior que isso, foi a perda da Câmara de Lisboa e os resultados das sondagens que, sistematicamente, o deixavam a léguas do Sócrates e, portanto, do poder.

Sem dúvida, que tentou imprimir seriedade à política do seu partido mas fê-lo de uma forma inábil que acabaria, também ela, por se virar contra ele próprio, mas a coragem que revelou nessa sua actuação terá sido, com certeza, o aspecto mais relevante da sua passagem pela liderança do partido e será registada a crédito quando se fizer a história da sua vida política.

Uma dúvida que se me levanta é a de saber quem virá a ser, no futuro, o maior adversário político de Sócrates: Filipe Menezes, em conferencias de imprensa e falando para o país nos telejornais ou Santana Lopes nos seus debates parlamentares com o 1º Ministro.

Lembro os debates que aqui há uns anos Santana e Sócrates mantiveram na TV e recordo, que enquanto Santana Lopes tirava partido da sua capacidade de improvisar sobre os temas com o à vontade de um orador nato e experiente, Sócrates fazia o papel de um aluno estudioso que não facilitava nas provas levando sempre a lição na ponta da língua.

Agora o contexto é diferente, das suas performances pode depender muita coisa que tem a ver directamente com o poder mas, se esses debates na televisão podem ser olhados, a esta distância, como uma antevisão daquilo que nos espera, o Eng. Sócrates voltará a ser o adversário mais sério e credível.

Tudo motivos com interesse para nos distrair das verdadeiras realidades da vida deste país, as quais, de acordo com António Vitorino, vão depender da evolução dos números do desemprego que, por sua vez, depende do investimento que está ligado ao comportamento das exportações que têm a ver com a dinâmica dos nossos empresários e a saúde dos principais mercados para onde exportamos, não falando já na “besta negra” do preço do petróleo que se comporta diariamente como a mais volúvel das meretrizes.

Valha-nos, por tudo isto, a dupla Menezes/Santana, eles constituem a nossa esperança no futuro e se nos vier a faltar o pão que ao menos não nos falte o circo.




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