terça-feira, outubro 09, 2007

O Sr. Tony Teixeira


O Sr.Tony Teixeira

O Expresso desta semana trouxe ao nosso conhecimento uma outra versão de Joe Berardo.

Trata-se do Sr. Tony Teixeira que, tal como Berardo, foi para a África do Sul ainda jovem com uma mão à frente e outra atrás.

Nascido em 1960, na Amadora, mas de ascendência transmontana, filho de um soldador da CP, deixou a escola aos 15 anos para não seguir o destino do pai e lá foi trabalhar para Joanesburgo onde o esperava a estrelinha da sorte.

Os pormenores da sua vida só ele os deve conhecer bem mas do que se sabe iniciou a vida nos transportes de mercadorias terrestres e, ao fim de dois anos, era o maior transportador da África do Sul de tal forma que os comboios andavam vazios e foi necessário o Governo fazer com ele um acordo de forma a transferir parte das cargas das suas camionetas para os Caminhos de Ferro.

Mais tarde e porque estava na A. do Sul, inevitavelmente, passou para as minas de granito e diamantes e de seguida para a exploração e distribuição de petróleo.

Presente em 75 países, tem 16.000 trabalhadores e um volume de negócios de 4,5 mil milhões de dólares e ao longo dos quase 40 anos em que construiu este imenso império não manteve laços com o seu país de origem.

Mas o destino dos emigrantes raramente fica por cumprir e, finalmente, cá o temos na Quinta do Lago (onde havia de ser?) para umas merecidas férias, provavelmente em definitivo, porque o país que ele quase esqueceu e que é o seu, tem o melhor clima e a melhor comida de quantos conhece e uma localização estratégica como porta para a Europa que é muito importante.

Do Portugal não colheu uma boa imagem em todo esse mundo de negócios por onde andou. Ninguém nos conhece a não ser pelo futebol e não nos levam a sério… é como se não existíssemos.

Sabe pouco sobre a nossa economia porque no palco global onde exerce a actividade o que lhe interessa é a Europa no seu conjunto mas, pelo que vê, estamos piores que os outros países.

Nunca investiu em Portugal onde, praticamente, não viveu e por isso o país não lhe deve nada e ele nada deve ao país.

No futuro tem projectos para África e Europa mas em função das relações pessoais que contraiu nos poucos meses em que aqui se encontra, já admite trazê-los para cá e como homem de negócios que é, espera para saber os apoios que o governo lhe poderá conceder em comparação com os de outros países porque a competição é grande na disputa dos investimentos.

E, sobre este aspecto, não nos iludamos. Estando em curso a reestruturação do aparelho do Estado o que nos falta e tem que ser estimulado é o investimento privado gerador de riqueza e criador de emprego qualificado que apele à inteligência e qualificação dos trabalhadores portugueses.

Os grandes empresários com provas dadas fazem falta em qualquer país mas no nosso, especialmente, dada a situação em que se encontra a nossa economia em fase de profunda reestruturação e modernização.

Investidores especulativos que acumulam fortunas, às vezes quase de um dia para o outro, à custa de mais valias pelo simples acto de comprar hoje e vender amanhã por mais dinheiro, podem constituir motivo de admiração pelo que representam de perspicácia e sentido de oportunidade mas para o país são quase irrelevantes e esse é o caso do Sr. Joe Berardo.

Fabricar produtos ou prestar serviços e com eles obter lucro num mercado altamente competitivo não tem nada a ver com a situação anterior embora, em última análise, ganhar dinheiro seja sempre o principal objectivo.

No primeiro caso ganha um e poucos mais, no outro, milhares de pessoas realizam-se profissionalmente, participam na criação da riqueza e ganham com ela.

Pelo Diário de Notícias desta segunda-feira ficámos já a saber que António Teixeira está interessado no Terminal de Sines uma vez que possui uma exploração petrolífera na Tanzânia de 30.000 barris diários com capacidade para passar, no próximo ano, para 150.000.

Estamos convencidos de que, caso este interesse venha a concretizar-se, outros investimentos seus se hão-de seguir e este filho de transmontanos, migrados para a Amadora há quase 50 anos para melhorarem as suas condições de vida, pode vir a ser um elemento dinamizador da nossa recuperação económica pois não me parece que os seus interesses sejam incompatíveis com os do país.







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