domingo, janeiro 23, 2011

Cavaco de novo a Presidente


De acordo com a tradição e as sondagens anunciadas, Cavaco foi reeleito à primeira volta sem surpresa para mim e creio que para ninguém. O povo português é medroso, não corre riscos, se está mal deixa-se estar porque pode ficar pior.

Não esqueçamos que quem derrubou o regime de Salazar foram os capitães de Abril e o povo só apareceu para festejar, tendo-se "salvo" aquela minoria de militantes do partido Comunistas, esses sim, corajosos, que pela força das suas ideias, arriscavam a liberdade e a vida.

Mas o povo, os cidadãos anónimos, têm um instinto de sobrevivência que adopta o receio e a cautela como estratégia da sua maneira de estar na vida que não inclui a opção do desconhecido pelo conhecido, o que é compreensível e normal.

Cavaco é um político habilidoso, também ele, tal como o povo, não corre riscos e por isso não exprime ideias, em vez disso escolhe as palavras, os discursos, as poses que pouco ou nada dizendo tranquilizam as massas passando a imagem de um estereótipo de pessoa em quem se pode e deve confiar.

O próximo mandato de Cavaco vai ser mais agitado porque a situação do país vai agudizar-se e a alternativa ao governo é desejada pela maioria da população de acordo com as sondagens.

No entanto, se os dois partidos de esquerda se aliarem ao PS, uma moção de censura apresentada pelo PSD/CDS contra o governo será chumbada na Assembleia e o Presidente da República, muito ao seu gosto, lavará as mãos e lá iremos até às próximas legislativas.

Se o cenário vier a ser mesmo muito mau, o próprio PS poderá sentir-se demasiado fragilizado, com repercussões na atitude da Assembleia abrindo as portas a eleições legislativas intercalares.

Pessoalmente, não tenho grandes dúvidas nas vantagens para o país de uma alternância política que permita mudar algumas situações que estão bloqueadas pelo “aparelho” do partido Socialista mas será mau sinal se isso acontecer antes do fim da legislatura.

O nosso futuro depende pouco de nós porque a situação de dívida a que chegámos tornou-nos tão dependentes dos credores que fora do quadro de uma solução política europeia não se vê bem como será e, se é verdade que algumas políticas de despesas de investimento foram aventureiristas e houve desperdícios de dinheiros em despesas correntes, da nossa responsabilidade, não é menos verdade que as próprias directrizes (que nós cumprimos) da Comunidade Europeia, também concorreram para a situação a que chegámos (vejam-se as pescas e a agricultura).

Por isso impõe-se, mesmo admitindo mais sacrifícios e controles adicionais, que a Comunidade Europeia esteja também à altura dessa responsabilidade e aceite avançar para um governo europeu que assuma os destinos de todas as suas parcelas.

Terá o novo/antigo Presidente da República algum papel aqui a desempenhar?

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