quarta-feira, novembro 16, 2011

O MONOTEÍSMO – (II Parte)

O que impressiona em toda esta mitologia católica, para além de outros aspectos, é a ligeireza inconsequente com que estas pessoas vão congeminando pormenores, tudo fruto da mais descarada invenção.

O Papa João Paulo II criou mais santos do que os seus antecessores todos juntos no decorrer dos últimos séculos, tendo uma afinidade especial com a Virgem Maria.

Os seus devaneios politeístas ficaram perfeitamente vincados quando, em 1981, vítima de uma tentativa de assassínio em Roma, atribuiu à intervenção de Nossa Senhora de Fátima a circunstância de ter sobrevivido: «Uma mão materna guiou a bala».

Não podemos deixar de sentir uma certa curiosidade em saber porque não terá ela guiado a bala de forma a nem sequer o atingir.

Outros poderão pensar que a equipa de cirurgiões que o operou durante seis horas mereceria, pelo menos, uma parte dos louros mas talvez as suas mãos também tenham sido maternalmente guiadas.

O ponto relevante é que não foi só Nossa Senhora que, na opinião do Papa, guiou a bala mas, concretamente, Nossa Senhora de Fátima.

E então Nossa Senhora de Lurdes, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Medjugorge, Nossa Senhora de Akita, Nossa Senhora de Zeitun, Nossa Senhora de Garabandal e a Nossa Senhora de Knock, estariam todas elas, no momento do disparo, indisponíveis com outras incumbências?

E que dizer da Santíssima Trindade, uma espécie de um Deus em três partes, ou três em um.

E reparem no primor do raciocínio teológico com que A Enciclopédia Católica nos esclarece esta questão:

“Na unidade do Divino existem três Pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sendo todas verdadeiramente distintas umas das outras. Assim sendo, e nas palavras do credo atanasiano: o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, e no entanto, não existem três Deuses, mas sim um Deus.”

Mas, como se isto não fosse suficientemente “claro” a mesma Enciclopédia cita ainda São Gregório, O Traumaturgo, teólogo do século III:

“Nada existe, portanto, na Trindade que seja criado, nada que seja sujeito a outrem; nem existe nada que tenha sido acrescentado como se não tivesse existido anteriormente, mas antes tivesse sido introduzido mais tarde; por isso, o Pai nunca foi sem o Filho, nem o Filho sem o Espírito Santo; e esta mesma Santíssima Trindade é imutável e para sempre inalterável."

Não sabemos que milagres valeram a São Gregório o cognome mas, entre eles, não estava com certeza, a pura lucidez.

As palavras de São Gregório carregam aquele travo caracteristicamente obscurantista da teologia.



(continua)

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