TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio nº 274
Quanto a Maria Petisco ao lanhar o rosto de Dalmo Coca, ao mordê-lo, despertara o apetite do elegante detective e pelo meio da noite, sob a acção do pó, o guardião da moral invadiu o xadrez disposto a se pôr na rapariga ali mesmo, na vista das demais. Em noite de alvoroço entre sovas e castigos, teve graça a cena do drogado, ruim de pernas querendo alcançar Maria Petisco e derrubá-la na cara dos presentes.
Os tiras riam, animando o campeão. Depois se cansaram e o levaram embora.
O delegado Cotias vai-se impondo no cargo e na opinião dos seus subordinados, conforme é fácil constatar. Ainda assim, a visão da negra Domingas lhe causa certo impacto. A pele escura da rapariga exibe marcas roxas, equimoses grandes. Um olho fechado, a boca rebentada, ela mal se aguenta em pé.
Com desprezo o comissário Labão constata o erradio olhar do delegado. Isso é emprego para homens e não para maricas.
- Tipa ruim, arruaceira. Agrediu todo o mundo no xadrez, o jeito foi lhe dar uma lição, sem o que ninguém dormia, essa gente só no pau – Esclarece o comissário: - Não se pode ter pena dessa corja.
Necessita acostumar-se, não sentir pena, essa corja não merece, decide o delegado. Não adianta, tem o estômago fraco.
Manda botar as raparigas em liberdade. Na sala ficam apenas as donas de pensão. O bacharel percorre o renque de mulheres, seis infelizes, faz-se ao mesmo tempo feroz e paternal.
- Não se mudaram por bem, mudar-se-ão por mal. De que adianta se negar? Quem estiver na disposição de sair daqui directamente para completar a mudança, dê um passo em frente, mando soltar agora mesmo.
Esperava assentimento geral e congratulações. Apenas Mirabel ensaia mover-se, mas já a velha Acácia se fazia ouvir:
- A gente não se muda. Nem que morra na cadeia, ninguém vai apodrecer naquele lixo.
O delegado perde a contenção, esmurra a mesa, mete o dedo na cara da velha, machão como definiu Cármen Cotias, née sardinha:
- Pois vão apodrecer aqui. Comissário, mande levá-las de novo para o xadrez.
O comissário, de bom humor, propõe:
- Umas dúzias de bolos em cada uma em vez de comida. É bom regime, vão querer mudar logo, o doutor vai ver.
Sem pedir licença, esfregando as mãos, no auge do contentamento, Peixe Cação mostra-se na porta do gabinete:
- Os navios da esquadra americana já estão à vista em Itapoã. Vai chover dólar!
34
Tão apressado e comovido com a notícia alvissareira, ia o comissário se esquecendo de recomendar ao chefe do depósito uma dúzia de bolos de palmatória em cada caftina antes da sopa rala e do pão dormido, ao meio dia e ao meio da tarde.
Não fosse Peixe Cação, sempre estrito no cumprimento do dever, e as renegadas escapariam do tratamento para emagrecer e educar-se, eficaz e gratuito.
(click na imagem)
Os tiras riam, animando o campeão. Depois se cansaram e o levaram embora.
O delegado Cotias vai-se impondo no cargo e na opinião dos seus subordinados, conforme é fácil constatar. Ainda assim, a visão da negra Domingas lhe causa certo impacto. A pele escura da rapariga exibe marcas roxas, equimoses grandes. Um olho fechado, a boca rebentada, ela mal se aguenta em pé.
Com desprezo o comissário Labão constata o erradio olhar do delegado. Isso é emprego para homens e não para maricas.
- Tipa ruim, arruaceira. Agrediu todo o mundo no xadrez, o jeito foi lhe dar uma lição, sem o que ninguém dormia, essa gente só no pau – Esclarece o comissário: - Não se pode ter pena dessa corja.
Necessita acostumar-se, não sentir pena, essa corja não merece, decide o delegado. Não adianta, tem o estômago fraco.
Manda botar as raparigas em liberdade. Na sala ficam apenas as donas de pensão. O bacharel percorre o renque de mulheres, seis infelizes, faz-se ao mesmo tempo feroz e paternal.
- Não se mudaram por bem, mudar-se-ão por mal. De que adianta se negar? Quem estiver na disposição de sair daqui directamente para completar a mudança, dê um passo em frente, mando soltar agora mesmo.
Esperava assentimento geral e congratulações. Apenas Mirabel ensaia mover-se, mas já a velha Acácia se fazia ouvir:
- A gente não se muda. Nem que morra na cadeia, ninguém vai apodrecer naquele lixo.
O delegado perde a contenção, esmurra a mesa, mete o dedo na cara da velha, machão como definiu Cármen Cotias, née sardinha:
- Pois vão apodrecer aqui. Comissário, mande levá-las de novo para o xadrez.
O comissário, de bom humor, propõe:
- Umas dúzias de bolos em cada uma em vez de comida. É bom regime, vão querer mudar logo, o doutor vai ver.
Sem pedir licença, esfregando as mãos, no auge do contentamento, Peixe Cação mostra-se na porta do gabinete:
- Os navios da esquadra americana já estão à vista em Itapoã. Vai chover dólar!
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Tão apressado e comovido com a notícia alvissareira, ia o comissário se esquecendo de recomendar ao chefe do depósito uma dúzia de bolos de palmatória em cada caftina antes da sopa rala e do pão dormido, ao meio dia e ao meio da tarde.
Não fosse Peixe Cação, sempre estrito no cumprimento do dever, e as renegadas escapariam do tratamento para emagrecer e educar-se, eficaz e gratuito.
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