segunda-feira, setembro 17, 2012


O ROMANTISMO COMEÇA
 A SER “COISA” DO PASSADO



NOVO CONCEITO DE AMOR



Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milénio. As relações afectivas também estão a passsar por profundas transformações revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A ideia de uma pessoa ser o remédio para a nossa felicidade, que nasceu com o Romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.

O amor romântico parte da premissa que somos uma fracção e precisamos de encontrar a outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente tem atingido mais a mulher.

Ela abandona as suas características para se amalgamar ao projecto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma ideia prática de sobreviver e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é Parceria. Estamos trocando o amor de necessidades pelo amor de desejo.

Eu gosto e desejo companhia mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço da tecnologia, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas e a aprender melhor a conviver consigo próprias. Elas estão a começar a perceber que se sentem fracção mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fracção, não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma, é apenas um companheiro de viagem.

O Homem é um animal que vai mudando o mundo e depois tem de se reciclar para se adaptar ao mundo que fabricou.

Estamos entrando na época da individualidade que não tem nada a ver com o egoísmo: o egoísmo não tem energia própria, alimenta-se da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.

A nova forma de amor tem outra feição e significado: visa aproximar dois inteiros e não a unir duas metades e isto só é possível para os que conseguem trabalhar a sua individualidade.

Quanto mais um indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afectiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso, pelo contrário, dá dignidade à pessoa.

As boas relações afectivas são óptimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.

Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.

Por vezes julgamos que o outro é a nossa alma gémea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro de si mesmo, e não a partir do outro.

Desta forma, ele torna-se menos crítico e mais compreensivo às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação há aconchego, o prazer da companhia e o respeito de ser amado.

SAWABONA - É um cumprimento usado na África do Sul que significa:

 - “Eu te respeito, eu te valorizo, você é importante para mim”.

Depois da leitura atenta deste trecho da autoria de FLÁVIO GIKOVATE, médico Psicanalista, estamos em melhores condições para dizer aos outros, especialmente aos de quem se gosta: Sawabona!

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