"Resolvido" mais um conflito é hora de descansar... |
Bonobos e Chimpanzés
Para quem não saiba, uns e outros, são
animais diferentes. Nos estudos aprofundados a que têm sido sujeitos nos seus
habitats naturais, estes primatas das florestas do Congo, nossos parentes mais
próximos, revelam comportamentos diferentes.
Ao contrário dos chimpanzés, que exibem
mais comportamentos agressivos, sobretudo quando se trata de grupos diferentes,
os bonobos são conhecidos pelos seus comportamentos de tolerância intra e
intergrupais.
As suas comunidades são lideradas por fêmeas
(nas de chimpanzés são os machos) e há observações de cooperação entre fêmeas
de comunidades diferentes, por exemplo para recolher alimento, algo que não
acontece com os chimpanzés.
A prática sexual é usada nesta espécie
na resolução de conflitos numa demonstração em concreto do slogan dos anos
sessenta, dos hippies: «Não faças guerra, faz amor.»
A liderança das fêmeas nos bonobos é a
responsável por esta mudança de estratégia no relacionamento dos seus membros,
aparentemente, por elas se preocuparem mais com a preservação da paz e da
própria vida no seio do grupo do que os chimpanzés machos que lideram os grupos com
base no medo e na violência.
A proximidade evolucionária entre
homens, chimpanzés e bonobos, faz-nos pensar se as sociedades humanas nos colocam
mais próximos dos primeiros do que dos segundos.
Embora, se conheçam comportamentos de
grande altruísmo a nível individual e colectivo, não é menos verdade que a
agressividade, violência e desprezo pela vida do próximo, especialmente durante
as guerras, parece fazer crer que estamos mais próximos dos violentos e agressivos
chimpanzés do que dos tolerantes e sensuais bonobos.
Será assim por causa da liderança
pertencer, nuns casos aos machos e noutros às fêmeas?
Entre nós, parece que durante o
paleolítico, as nossas comunidades eram lideradas pelas mulheres. Elas tinham
maior intervenção na criação e sobrevivência dos filhos e com a ajuda destes, traziam
para a aldeia mais alimentos do que os homens. Isto mesmo está comprovado pela
análise dos restos dos locais onde viviam.
A ideia de que o essencial na
alimentação eram os animais caçados pelos homens e trazidos ás costas para a
aldeia é um estereótipo que não corresponde à verdade. Frutos, raízes, tubérculos, vegetais, ovos, pequenos animais, cerca de setenta por cento do que se comia, era da responsabilidade das mulheres. com a ajuda dos filhos.
As primeiras estatuetas encontradas foram de
mulheres, estatuetas de Vénus em representação da deusa Mãe de há 40.000 anos.
A passagem destas sociedades a
patriarcais deu-se com a progressiva sedentarização, o advento da propriedade,
das disputas territoriais, controle de excedentes, guerras de conqui sta, dos exércitos, dos impérios e da maior
importância dos homens neste novo contexto.
Eles “apareceram” para fazer a
guerra e por causa da guerra.
Esperemos que os bonobos se mantenham
fiéis a si próprios e continuem, debaixo da batuta das fêmeas, a fazerem amor
para resolverem entre si os conflitos.
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