Reveion do Rio de Janeiro |
O PAÍS
DO
CARNAVAL
Episódio Nº 22
- Hein?
- Um Jornal?
- O que é que o Gomes diz?
- Sim, um jornal diário… O “Estado da Bahia”…
A grande aspiração deles era possuir um diário.
Tomariam conta da Bahia. Ninguém poderia com eles. Ganhariam uma fortuna. E
agora Gomes gritava que eles teriam um diário.
Mas Ricardo duvidou:
- Ora, isso é apenas uma ideia!...
- Umas ideia que já está se transformando em
facto.
- Explique esse negócio, Gomes – suplicou Lopes.
- Lá vai. O prefeito de uma dessas cidades do
interior quer que nós fundemos um jornal. Jornal dos Municípios… Será uma
sociedade anónima. Cada prefeito entra com um tanto. Nós entramos com a pena.
Compraremos as máqui nas e o jornal
defenderá os actuais prefeitos e as suas administrações. Que tal?
Pedro Ticiano seria o
director, José Lopes o redactor-chefe. Rigger, Ricardo e Jerónimo comporiam a
redacção. Ele, Gomes, director comercial, cavaria os negócios. Nas horas vagas
faria reportagens. Uma negociata. De primeira…
- De facto…
- Esmagaremos a canalha, esmagaremos a canalha
– gozava o Ricardo. A canalha era o apelido que ele dava aos mulatos seus
inimigos, que lhe invejavam a “pose de deputado”. Você é um génio, Gomes, quero
dizer, esse prefeito é um génio…
Ticiano propôs se bebesse
em honra do prefeito.
Ticiano pediu cigarros.
Por conta do “Estado da Bahia” explicou.
Saíram a arqui tectar planos, sonhadores. Já pensavam em ter a
Bahia nas mãos. A princípio trabalhariam sem ambições de lucro. Depois, então…
Talvez enriquecessem. E
ficassem conhecidos no País. Publicariam livros. Viveriam, enfim.
José Lopes pensou:
- Não acredito. Naturalmente, teremos desilusões,
aborrecimentos…
Ricardo Braz também achava
aqui lo pouco para uma vida. “O trabalho
não basta. É preciso amor…”
Só o Gomes, satisfeito,
ria muito mostrando os maus dentes. O seu vulto alteava-se e ele marchava a
passos largos. Estava a caminho da vitória…
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