quinta-feira, julho 18, 2013

Monoteísmo
(Parte V)

 Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”



Existem 435 membros da Câmara dos Representantes e 100 membros do Senado. Supondo que estas pessoas constituem uma amostra reveladora do conjunto da população, é absolutamente inevitável, do ponto de vista estatístico, que um número considerável seja ateu.

Devem ter mentido ou ocultado os seus sentimentos, para poderem ser eleitos. Dado o eleitorado que tinham de convencer quem pode culpá-los?

É universalmente reconhecido que uma admissão de ateísmo seria um suicídio político imediato para qualquer candidato presidencial.

Estes factos respeitantes ao actual ambiente político vivido no E.U. e aquilo que eles implicam teriam horrorizado Jefferson, Washington, Madison, Adams e todos os seus amigos.

Fossem eles ateus, agnósticos ou cristãos ter-se-iam encolhido de pavor perante os teocratas da cidade de Washington desde o início do Séc. XXI.

A pobreza dos Agnósticos

O padre que arengava do púlpito da capela da minha escola, permitia-se sempre uma certa consideração furtiva pelos ateus.

Pelo menos, tinham a coragem de assumir as suas transviadas convicções. Uns papa-açordas, tem-te-não-cais, lamechas, moles e enfezados.

Em parte até tinha razão, mas por um motivo totalmente diverso.

Não há de mal em ser-se agnóstico nos casos em que faltam provas de um lado ou de outro. É a posição sensata.

Carl Sagan manifestou orgulho em ser agnóstico quando lhe perguntaram se existia vida em qualquer outra parte do universo. Como se recusasse em dar uma resposta vinculativa, o seu interlocutor insistiu em que revelasse o seu “sentir visceral”, ao que Sagan respondeu de forma lapidar.

 - “Mas eu não tento pensar com as vísceras. A sério, não faz mal conter os nossos juízos até haver provas.»

A questão da vida extraterrestre está em aberto. É possível construir bons argumentos em ambos os sentidos, e faltam-nos provas para ir além de fazer pender um pouco as probabilidades mais para este ou para aquele lado.

Para um cientista estas são as palavras nobres. De tão concentrado na impossibilidade absoluta de provar ou refutar Deus, parece ter descurado a nuance da probabilidade.

O facto de não podermos provar ou refutar determinada coisa não coloca a existência e a não existência em pé de igualdade.

A existência ou não existência de Deus é um facto científico respeitante ao universo, que pode ser descoberto em teoria, se não na prática.

Se existisse, e resolvesse revelá-lo, o próprio Deus podia pôr fim à discussão de forma ruidosa e inequívoca, a seu favor.

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