terça-feira, outubro 14, 2014

Hipátia, sábia grega, assassinada em 415
“Quem era Constantino”
 - Imperador e Criminoso









Um Criminoso


A “conversão” ao Cristianismo do imperador romano Constantino pode interpretar-se, de entre muitas outras hipóteses, como um hábil caminho para encobrir os seus crimes. Assim o entende o teólogo e filósofo alemão Karlheinz Descher, no primeiro tomo da sua História Criminal do Cristianismo (Editorial Marting Roca) obra de referência obrigatória para se conhecer a verdadeira “cara” que a história oficial oculta.

“...esse monstro Constantino, esse verdugo hipócrita e frio, que degolou o seu filho, matou a sua mulher, assassinou o seu pai e seu irmão político e manteve na sua corte uma caterva de sacerdotes, sanguinários e servis, dos quais um só seria suficiente para pôr metade da humanidade contra a outra e levá-las a ambas ao suicídio.”


Um “Santo”

Apesar da sua trajectória criminosa, o imperador Constantino foi venerado como um santo pela igreja cristã como agradecimento por ter convertido o cristianismo na religião oficial do império romano. O culto a este novo “santo” estendeu-se rapidamente, sobre tudo à custa das igrejas das igrejas do Oriente e, no Ocidente, pelas regiões da Itália actual onde era maior a influência bizantina.

Actualmente, as igrejas ortodoxas Orientais veneram a São Constantino e incluem ícones com a sua imagem de santo ao lado de sua mãe, venerada como santa Elena. Os ortodoxos celebram a festa da mãe e do filho a 21 de Maio. Na igreja católica venera-se só a santa Elena a 18 de Agosto.

A Elena, mãe de Constantino, a tradição atribui-lhe a descoberta do lugar onde teria estado o calvário e o lugar onde Jesus teria sido enterrado, “o santo sepulcro”. Também se atribui a ela a descoberta, no ano 326, da verdadeira cruz, o madeiro no qual Jesus teria sido sacrificado o que, é claro, não passam de piedosas lendas. No ano anterior, 325, encarregou o bispo Macário que procurasse esses “santos lugares”.

Sem dúvida, a localização que Macário e Elena fizeram então, e que vigora actualmente, é muito discutível. Apenas um século depois da sua morte, a Jerusalém que Jesus conheceu estava totalmente alterada, depois da destruição do Templo no ano 70 e da liquidação do reino da Judeia como entidade política depois da última sublevação dos zelotas nos anos 132-135.


No ano seguinte, Justiniano encerrou a Academia de Filosofia de Atenas, onde se havia ensinado Platão.

Na sua magnífica novela, “Juliano ” de Gore Vidal (Edição Roco, 1986) e na obra de Dmitri Merejkowwski, “Juliano, O Apóstata” (Editora Globo, 1945) contam-se aspectos importantes da vida deste Imperador:

- Juliano, Imperador (361/363), homem de notável formação intelectual, viveu cercado de filósofos, magos, astrónomos e leu os grandes filósofos pagãos, principalmente Platão. O seu pequeno reinado de apenas 20 meses ficou marcado pela pretensão de harmonizar a cultura e a justiça com os valores da antiga religião pagã de Roma. O seu apelido de Apóstata deve-se, precisamente, ao facto de embora baptizado e educado no cristianismo, ter-se declarado pagão. Introduziu reformas, baixou os impostos e reafirmou a liberdade de culto.

Conta-se que em 362, empenhado na restauração do paganismo, enviou um emissário a Delfos para consultar a pitonisa e saber dos deuses se deveria restaurar o antigo templo de Apolo. A resposta, ouvida do fundo da gruta sagrada, entre os vapores de louro queimado, soou como um gemido de agonia:

- “Por terra ruiu a gloriosa moradia, e as fontes de água estão secas. Nada resta para o deus, nem telhado nem abrigo, e em sua mão os louros do profeta não vicejam mais. Volte e diga ao Imperador que os deuses não estão mais aqui.”

Foi a última vez que se ouviu em Delfos a voz dos deuses antigos. Um novo Deus já se instalara em Roma, com seus próprios profetas e sacerdotes, e doravante dominaria o império e o mundo Greco-Romano.

Este episódio pode ser considerado como o marco decisivo do fim do paganismo e da vitória definitiva do cristianismo, uma parábola sobre o triunfo da nova religião sobre a antiga.

No seu livro, o escritor norte-americano, Gore Vidal, reconstruiu literariamente o sentir daquela época no que se refere às perseguições e crimes dos cristãos, aos quais Juliano chamava sempre de “Galileus”, contra os pagãos e o ambiente que antecedeu o fim do Império Romano e fá-lo na perspectiva de Juliano, genro de Constantino, o último dessa dinastia e o último imperador que quis deter o cristianismo e restabelecer o helenismo.



Destruição da Biblioteca de Alexandria

 o Assassinato da sábia Hipátia.

No ano 391, os cristãos, encabeçados pelo patriarca Teófilo, queimaram a biblioteca de Alexandria, a mais famosa do mundo antigo, com meio milhão de volumes escritos à mão, textos originais que continham a ciência acumulada durante séculos e gerações.

Anos depois, em 415, o sucessor de Teófilo, o patriarca Cirilo, destruiu-a definitivamente e animou hordas de cristãos a assassinarem de forma cruel a sábia Hipatia, directora da Biblioteca, escritora, professora de matemática, álgebra, geometria, astronomia, lógica, filosofia e mecânica, inventora do astrolábio e do hidrómetro, e segundo alguns, a percursora das teorias astronómicas de Keppler, Copérnico e Galileu, sem dúvida a última grande cientista da antiguidade.

Estes cristãos fanatizados e com poder, consideravam todo o conhecimento grego, por não vir na Bíblia, como pagão. O desaparecimento da Biblioteca de Alexandria significou a perda de 80% da ciência e da civilização gregas, para além dos legados importantíssimos das culturas asiática e africana.

Alexandria era o centro intelectual da antiguidade e a destruição deste acervo do saber estancou o progresso científico durante mais de quatrocentos anos.


PS -
    • "Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos de seu tempo. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber seus ensinamentos."
  • Sócrates

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