terça-feira, dezembro 16, 2014

Os portugueses orgulham-se das suas escolas, não das suas dívidas...
Luxos


asiáticos









Como é possível que não tivéssemos chegado ao ponto de endividamento a que o país chegou?

O Parque Escolar E.P. E., criado por Dec. Lei de Fevereiro de 2007, foi obra de bandeira do governo de Sócrates. O seu objectivo era proceder à modernização de 332 escolas secundárias até 2015 com um investimento total de 940 milhões de euros mas quando em 2010 já estavam abrangidas 205 este investimento tinha triplicado e situava-se em 3,2 mil milhões de euros com apenas 64% das escolas que se pretendiam modernizar.

A aposta na Educação é, sem dúvida, uma aposta certa do país a pensar no seu futuro mas, exactamente por isso é perigosa pois presta-se, dado o seu indiscutível interesse a servir de manta para todos os excessos, desgovernos, para utilizar uma palavra que era cara à minha avó e, quem sabe, grandes negociatas por muito “legal” que elas tenham sido.

Eu já sou um homem do antigamente mas lembro-me que há 70 anos atrás tinha uma escola a 50 metros da minha casa em Lisboa, na zona oriental, e outra na aldeia dos meus avós antes ainda de lá ter chegado a electricidade.

O que não havia era a tradição de estudar por falta de cultura e de posses dos pais que precisavam do trabalho dos filhos para os ajudar a sobreviver.

Por isso, grande parte dos soldados que foram para a guerra comigo em 1962 eram analfabetos, alguns tinham a 3ª Classe, considerada então 1º Grau do Ensino e apenas dois ou três a 4ª Classe.

Mas o estado da nossa educação de então condizia com o país que éramos e traduzia também a política vigente. Os homens queriam-se para trabalhar, não para estudar e as mulheres para tomar conta da casa e dar filhos ao país.

Mas depois, 40 anos após a revolução do 25 de Abril, rebenta uma bolha educativa, perde-se a cabeça e resolve-se dotar o país de um Parque Escolar cujas instalações fazem inveja àquilo que os alunos têm em suas casas, mesmo os alunos de famílias ricas.

Se o nível desse Parque Escolar está ou não de acordo com as possibilidades financeiras do país é coisa de somenos. Quem criticar ou discordar é contra a educação dos nossos jovens, não tem visão de futuro e é assim, confundindo tudo, que se afunda o país.

Nuno Crato, o matemático que é Ministro e não acerta com a colocação dos professores, mandou proceder a algumas economias nas escolas que faltam acabar e poupou logo 64 milhões em coisas tão decisivas e importantes para o bom funcionamento das escolas... como acabamentos substituindo os azulejos das paredes por tinta, madeiras exóticas como sucupira que nem sequer é resistente, janelas que não abrem e obrigam à utilização de ar condicionado, tectos falsos, sistemas de iluminação, quadros interactivos e sistemas de climatização idênticos aos dos hotéis de 5 estrelas.

Por simples coincidência, as empresas de Santos Silva, o engenheiro amigo de Sócrates, foi o cliente mais lucrativo da Parque Escolar que agora despede funcionários dos seus quadros porque, é bom de ver, que o dinheiro não pode chegar para tudo e em 2015, como não há fartura que não dê em fome, não se prevê arrancar com novas empreitadas.

O despesismo de Sócrates irá ser o grande “cavalo de batalha” da campanha política da coligação contra o PS de António Costa, ao que parece com alguma razão mas não confundir erros de política com erros de gestão a menos que eles sejam intencionais e, se assim for, é a corrupção mais uma vez, a fazer dos portugueses suas vítimas.

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