Os portugueses orgulham-se das suas escolas, não das suas dívidas... |
Luxos
asiáticos
Como é possível que não tivéssemos chegado ao ponto de
endividamento a que o país chegou?
O Parque Escolar E.P. E., criado por Dec. Lei de
Fevereiro de 2007, foi obra de bandeira do governo de Sócrates. O seu objectivo era proceder à modernização de 332 escolas secundárias até 2015 com
um investimento total de 940 milhões de euros mas quando em 2010 já estavam
abrangidas 205 este investimento tinha triplicado e situava-se em 3,2 mil milhões
de euros com apenas 64% das escolas que se pretendiam modernizar.
A aposta na Educação é, sem dúvida, uma aposta certa
do país a pensar no seu futuro mas, exactamente por isso é perigosa pois
presta-se, dado o seu indiscutível interesse a servir de manta para todos os excessos,
desgovernos, para utilizar uma palavra que era cara à minha avó e, quem sabe,
grandes negociatas por muito “legal” que elas tenham sido.
Eu já sou um homem do antigamente mas lembro-me que há
70 anos atrás tinha uma escola a 50 metros da minha casa em Lisboa, na zona
oriental, e outra na aldeia dos meus avós antes ainda de lá ter chegado a
electricidade.
O que não havia era a tradição de estudar por falta de
cultura e de posses dos pais que precisavam do trabalho dos filhos para os
ajudar a sobreviver.
Por isso, grande parte dos soldados que foram para a
guerra comigo em 1962 eram analfabetos, alguns tinham a 3ª Classe, considerada
então 1º Grau do Ensino e apenas dois ou três a 4ª Classe.
Mas o estado da nossa educação de então condizia com o
país que éramos e traduzia também a política vigente. Os homens queriam-se para
trabalhar, não para estudar e as mulheres para tomar conta da casa e dar filhos
ao país.
Mas depois, 40 anos após a revolução do 25 de Abril,
rebenta uma bolha educativa, perde-se a cabeça e resolve-se dotar o país de um
Parque Escolar cujas instalações fazem inveja àqui lo
que os alunos têm em suas casas, mesmo os alunos de famílias ricas.
Se o nível desse Parque Escolar está ou não de acordo
com as possibilidades financeiras do país é coisa de somenos. Quem criticar ou
discordar é contra a educação dos nossos jovens, não tem visão de futuro e é
assim, confundindo tudo, que se afunda o país.
Nuno Crato, o matemático que é Ministro e não acerta
com a colocação dos professores, mandou proceder a algumas economias nas
escolas que faltam acabar e poupou logo 64 milhões em coisas tão decisivas e
importantes para o bom funcionamento das escolas... como acabamentos
substituindo os azulejos das paredes por tinta, madeiras exóticas como sucupira
que nem sequer é resistente, janelas que não abrem e obrigam à utilização de ar
condicionado, tectos falsos, sistemas de iluminação, quadros interactivos e
sistemas de climatização idênticos aos dos hotéis de 5 estrelas.
Por simples coincidência, as empresas de Santos Silva,
o engenheiro amigo de Sócrates, foi o cliente mais lucrativo da Parque Escolar
que agora despede funcionários dos seus quadros porque, é bom de ver, que o
dinheiro não pode chegar para tudo e em 2015, como não há fartura que não dê em
fome, não se prevê arrancar com novas empreitadas.
O despesismo de Sócrates irá ser o grande “cavalo de
batalha” da campanha política da coligação contra o PS de António Costa, ao que
parece com alguma razão mas não confundir erros de política com erros de gestão
a menos que eles sejam intencionais e, se assim for, é a corrupção mais uma vez,
a fazer dos portugueses suas vítimas.
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