Eu e o outro |
O Outro
A Europa vai
receber centenas de milhar de pessoas oriundas de países do norte de África,
nomeadamente da Síria, fugidos, em desespero, de um senhor chamado Al-Baghdadi
que é o líder do Estado Islâmico que ultrapassou em maldade, a Al-Kaeda, instalando a tirania e o terror entre as populações apelando aos instintos mais
bárbaros, radicais e primários da espécie humana.
Essas pessoas
não são iguais a nós e peço desculpa por dizer isto assim, desta maneira, mas,
ao contrário do que se possa pensar, ela é um bom ponto de partida para uma boa
relação futura.
A cultura, constituída
por hábitos alimentares, comportamentos sociais, religiosos, familiares, etc...
marca diferenças entre os povos.
E teve que ser
assim, não por sermos diferentes na origem, mas porque cada povo teve de se adapt ar a condicionalismos diferentes para sobreviver.
A este
respeito, lembro-me sempre do exemplo que um professor meu dava aos seus alunos
relativamente ao que era raça e cultura.
Na década de
vinte, um diplomata importante dos E.U.A., em serviço na China, faleceu com a
esposa num desastre de viação deixando órfão um filho ainda jovem que foi adopt ado por um casal chinês, íntimo do falecido, que o
educou nas melhores normas da cultura chinesa.
Chegado aos
vinte anos, o jovem, alto, atlético de olhos azuis e cabelo alourado, foi
enviado à América pelos pais adopt ivos
que entenderam que ele devia conhecer o país dos seus pais e parentes afastados.
Poucas semanas
decorridas, ele estava de volta afirmando que se sentia chinês e não se
entendia com os americanos e a sua estranha maneira de viver.
Estas
diferenças, tanto podem enriquecer a relação como envenená-la senão as
respeitarmos como sendo coisas dos outros, do seu património.
- “Como é possível,
passe o exagero, eu dar-me com alguém que não gosta de farinheira?...”
Os meus amigos
sabem, com certeza, que se não fossem estas diferenças não nos deliciávamos
hoje com as belas alheiras de Chaves, da imaginação dos judeus que, não podendo
comer carne de porco por motivos religiosos, inventaram as alheiras que não
levam a dita carne, obviamente, mas emitam muito bem os chouriços pendurados
nos fumeiros das chaminés evitando, assim, ser hostilizados pelos vizinhos.
Então, esta “coisa”
das religiões estabelece infelizmente diferenças que são sentidas,
profundamente, como barreiras e antagonismo que ao longo dos tempos alimentaram
guerras, mortes e violência, numa história triste da qual ninguém sai bem quer
sejam seguidores de Cristo ou de Maomé.
Vestir de
maneira diferente, comer outras coisas ou repudiar aquelas outras de que nós
tanto gostamos, rezar ajoelhado de cabeça no chão e rabo para o ar, virado na
direcção de Meca, em vez de mãos postas, de cabeça levantada e olhar posto na
imagem de Cristo pregado numa cruz, tantas coisas diferentes que nos parecem
quase uma ofensa provocatória a despertar raiva e ódio àqueles que gostam de
alimentar a maldade que nos vai nos corações porque, não nos iludamos, ela também
lá está.
Nós,
portugueses, sempre andámos pelo mundo e recentemente pelas guerras de África
que nos ensinaram a desmistificar muitas coisas a começar pelos falsos e ilusórios
patriotismos.
Durante séculos,
aos portos da costa que hoje é o nosso Portugal, sempre chegaram pessoas,
diferentes das que aqui estavam,
para comerciar connosco.
Não obstante a
globalização, que vai acontecendo, o mundo ainda é grande e variado e os
portugueses sabem que há muitos “outros” com os quais se têm cruzado ao longo
da sua história e das suas vidas mas, em todos eles, tal como em nós, existe um
mesmo coração sedento de amor e de felicidade.
Nisso, somos
todos iguais.
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