(continuação)
Não foi
pensado que pudesse acontecer mas aconteceu e a Europa parece uma mulher
surpreendida por uma gravidez indesejável que não sabe agora o que fazer com o
bebé nos braços.
O húngaro Orbán,
o tal que levanta muros e estende arame farpado para os refugiados não
passarem, veio já dizer que eles são um problema da Alemanha que se recusou, à época,
pela voz do chanceler Schroeder, alinhar na invasão do Iraque, promovido por
Bush e Blair e, mais tarde, absteve-se de votar o ataque ao ditador Líbio, Kadafi,
e aqui , foi mesmo a chanceler Merkel
que assumiu, como opção da sua política externa, o não envolvimento da
Alemanha.
Hoje, no entanto,
embora a Alemanha não participe nos ataques aéreos contra o Estado Islâmico, são
os alemães que treinam os guerrilheiros curdos do Iraque que se têm mostrado
como os mais eficazes a contrariar o avanço jihadista.
É, pois, uma
situação que tem três tempos diferentes: o antes, o agora e o depois.
Já nos
referimos ao antes, à génese do problema, às causas e todos já percebemos o que
contribuiu para a situação a que se chegou e, agora aqui ,
o que fazer?
A Srª Merkel,
ou seja, a Alemanha, a que menos culpas tem no cartório, como acabámos de
mostrar, teve a atitude certa, deu o exemplo, afirmou os valores humanistas
como o factor mais importante da cultura europeia, e dispôs-se a assumir o
papel mais importante no acolhimento dos refugiados fazendo apenas questão, e
quanto a mim correctamente, que se faça a distinção entre os que fogem da guerra
e da morte às mãos do EI, dos outros que apenas procuram melhores condições
económicas para viver.
E aqui temos Merkel, sempre atacada pela sua
insensibilidade política, a mostrar nesta crise, aos alemães e aos europeus,
que é um baluarte da moral, uma verdadeira líder e a acreditar nos aplausos,
rebuçados e bonecos de peluche na estação de Munique a um grupo de refugiados,
os alemães, como povo, estão hoje a dar o exemplo e Merkel terá nisto, uma
grande parte de responsabilidade.
Mas acolher
com humanidade não chega, não sabemos qual a dimensão deste movimento no futuro,
nem conhecemos o impacto que virá a ter na sociedade europeia a presença destes
grupos populacionais de hábitos, costumes e religião diferentes.
É preciso ir à
origem do problema, é necessário uma acção militar eficaz contra o Estado islâmico, e isso passa pela sua destruição, depois de se ter permitido que ele crescesse,
ganhasse território, e poder de terror sobre as populações que têm direito, como todas, a viver nos seus territórios de origem.
Até porque,
uma coisa é o terrorismo sem base territorial e outra é haver uma construção
política que tem por objectivo e princípios aqui lo
que a humanidade não pode aceitar.
Não vai ser fácil,
vai doer, mas a situação exige-o e, para isso, é indispensável que as forças
aliadas que se opõem a este movimento se juntem num quadro de forças da Aliança
Atlântica, que deve incluir a Rússia, porque a ameaça não deixa ninguém de fora, é
para todos e, muito especialmente para os árabes moderados porque eles vão ser
as primeiras vítimas do radicalismo islâmico.
Toda aquela
região do Norte de África vai ter que ser reconstruida e, para tal, a intervenção
internacional é indispensável.
Os refugiados
vão servir para criar uma situação complexa que obrigará os países europeus e não só, os Estados Unidos também, por razões morais e humanitárias, a receber essas levas de pessoas, a vencer comodismos em que os
europeus tão facilmente caem.
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