quinta-feira, setembro 10, 2015

Os Refugiados
(continuação)













Não foi pensado que pudesse acontecer mas aconteceu e a Europa parece uma mulher surpreendida por uma gravidez indesejável que não sabe agora o que fazer com o bebé nos braços.

O húngaro Orbán, o tal que levanta muros e estende arame farpado para os refugiados não passarem, veio já dizer que eles são um problema da Alemanha que se recusou, à época, pela voz do chanceler Schroeder, alinhar na invasão do Iraque, promovido por Bush e Blair e, mais tarde, absteve-se de votar o ataque ao ditador Líbio, Kadafi, e aqui, foi mesmo a chanceler Merkel que assumiu, como opção da sua política externa, o não envolvimento da Alemanha.

Hoje, no entanto, embora a Alemanha não participe nos ataques aéreos contra o Estado Islâmico, são os alemães que treinam os guerrilheiros curdos do Iraque que se têm mostrado como os mais eficazes a contrariar o avanço jihadista.

É, pois, uma situação que tem três tempos diferentes: o antes, o agora e o depois.

Já nos referimos ao antes, à génese do problema, às causas e todos já percebemos o que contribuiu para a situação a que se chegou e, agora aqui, o que fazer?

A Srª Merkel, ou seja, a Alemanha, a que menos culpas tem no cartório, como acabámos de mostrar, teve a atitude certa, deu o exemplo, afirmou os valores humanistas como o factor mais importante da cultura europeia, e dispôs-se a assumir o papel mais importante no acolhimento dos refugiados fazendo apenas questão, e quanto a mim correctamente, que se faça a distinção entre os que fogem da guerra e da morte às mãos do EI, dos outros que apenas procuram melhores condições económicas para viver.

E aqui temos Merkel, sempre atacada pela sua insensibilidade política, a mostrar nesta crise, aos alemães e aos europeus, que é um baluarte da moral, uma verdadeira líder e a acreditar nos aplausos, rebuçados e bonecos de peluche na estação de Munique a um grupo de refugiados, os alemães, como povo, estão hoje a dar o exemplo e Merkel terá nisto, uma grande parte de responsabilidade.

Mas acolher com humanidade não chega, não sabemos qual a dimensão deste movimento no futuro, nem conhecemos o impacto que virá a ter na sociedade europeia a presença destes grupos populacionais de hábitos, costumes e religião diferentes.

É preciso ir à origem do problema, é necessário uma acção militar eficaz contra o Estado islâmico, e isso passa pela sua destruição, depois de se ter permitido que ele crescesse, ganhasse território, e poder de terror sobre as populações que têm direito, como todas, a viver nos seus territórios de origem.

Até porque, uma coisa é o terrorismo sem base territorial e outra é haver uma construção política que tem por objectivo e princípios aquilo que a humanidade não pode aceitar.

Não vai ser fácil, vai doer, mas a situação exige-o e, para isso, é indispensável que as forças aliadas que se opõem a este movimento se juntem num quadro de forças da Aliança Atlântica, que deve incluir a Rússia, porque a ameaça não deixa ninguém de fora, é para todos e, muito especialmente para os árabes moderados porque eles vão ser as primeiras vítimas do radicalismo islâmico.

Toda aquela região do Norte de África vai ter que ser reconstruida e, para tal, a intervenção internacional é indispensável.

Os refugiados vão servir para criar uma situação complexa que obrigará os países europeus e não só, os Estados Unidos também, por razões morais e humanitárias, a receber essas levas de pessoas, a vencer comodismos em que os europeus tão facilmente caem.

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