Adversário ou inimigo? |
António Costa,
de adversário a inimigo
A democracia em Portugal alargou-se, enriqueceu-se, de repente, quando ninguém o esperava, ruiu o “arco da governação”.
Durante os últimos 40 anos, para efeitos de poder efectivo
no governo só contavam PS, PSD e CDS. Os deputados que representavam os
restantes partidos eram denominados no hemiciclo, deputados do “Protesto”... e
assim fomos vivendo:
- Os grandes líderes soviéticos morreram há muito, a
República Socialista Soviética, nos últimos anos da década de 80, desmoronou-se
com Mikhail Gorbachev e a sua Perestroika que pôs termo à Guerra - Fria. O Muro de Berlim cai, de seguida, e a Alemanha reunifica-se
em Outubro de 1990. Álvaro Cunhal morreu há 10 anos e a Rússia, a “mãe Rússia”,
mais madrasta que mãe para os russos, procura agora recuperar prestígio pela mão
de Putin, enquanto Portugal adere à União Europeia em 1986.
Tudo isto se passou na Europa nos últimos 40 anos e a
realidade é hoje completamente diferente mas, no nosso país, nada se alterou
relativamente ao espectro político partidário.
Quem era da área do poder manteve-se, e quem era do “protesto” continuou a sê-lo. Os primeiros como adversários políticos e os outros como inimigos, embora inócuos. Os seus deputados davam cor e sabor ao Parlamento através de intervenções acaloradas, algumas de grande qualidade, por magníficos parlamentares, entre os quais Francisco Louça, que tem agora um programa seu na Televisão... e a água ia passando serena por baixo da ponte que foi de Salazar.
Quem era da área do poder manteve-se, e quem era do “protesto” continuou a sê-lo. Os primeiros como adversários políticos e os outros como inimigos, embora inócuos. Os seus deputados davam cor e sabor ao Parlamento através de intervenções acaloradas, algumas de grande qualidade, por magníficos parlamentares, entre os quais Francisco Louça, que tem agora um programa seu na Televisão... e a água ia passando serena por baixo da ponte que foi de Salazar.
Mas eis senão quando, António Costa, do partido
socialista, aproveitando a bizarria de um desfecho eleitoral, fruto da raiva e ódio
que mais de 60% dos cidadãos expressaram nas urnas, a um 1º Ministro
distante, prepotente, insensível e manipulador, resolveu ouvir os líderes
desses partidos e perguntar-lhes se eles o deixariam governar com o seu
programa, naturalmente com algumas cedências, porque, para fazerem figura de
bonecos já bastavam os últimos 40 anos.
Aqui del´Rei!...
o Costa deixou de ser adversário e passou ele, também, a inimigo - disseram os homens do poder com as mãos na cabeça e o dedo acusatório.
O caldeirão está ao lume, o grande cozinheiro Cavaco, à
volta dele, afadigado, mexe o imbróglio com a sua grande colher, altamente incomodado com
tanto fumo e calor do fogo.
- Pode, o nosso
Presidente, apreciar programas de governo e dizer que a escolha de uma parte
maioritária dos portugueses está errada? – Veremos dentro de dias...
Nunca a democracia portuguesa, de há 40 anos a esta
parte, se apresentava tão aliciante.
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