(Domingos Amaral)
Episódio Nº 96
Depois, olhou em volta para o destruído castelo,
e murmurou.
-
Em breve terei de abandonar Soure, pois virão os cristãos procurar uma relíqui a.
Mem franziu a testa, a povoação estava
deserta há tantos anos, não acreditava que alguém a viesse reconstruir.
- O nosso mundo está mudar – continuou ela.
Há um novo rei a Norte e outro a nascer, e um dia virá onde seu pai veio.
Mem deduziu que ela se referia ao novo rei
de Castela e leão e disse.
-
Afonso VII vai reinar longe daqui .
A mulher olhou para ele pensativa, r
depois de uma pausa declarou:
- Também virão mouros, vai haver lutas,
eles querem-nas de volta.
Confundido, Mem questionou-a:
-
De quem falais?
A
mulher de negro sorriu-lhe, com ar brincalhão.
Sei da vossa fama, sabeis lidar bem com as
damas. As moçárabes mas também certas damas cristãs.
O rapaz não percebia como ela conhecia
tanto sobre ele.
Lembrou-se que muitos anos antes sentira o
mesmo, ela sabia que o pai era almocreve. Então, a mulher de negro murmurou:
- As raparigas de Córdova, sabeis quem são.
Têm sangue real.
Mem conhecia Fátima e Zaida e a mãe delas,
Zulmira. Em Coimbra vendera-lhes vestidos e simpatizava com elas. Ouviu a
mulher acrescentar uma profecia sombria:
-
Preparai-vos, o vosso comércio vai sofrer. Por estas bandas ninguém vai
descansar enquanto não encontrar o que procura.
Mem ficou preocupado mas só sentiu
profundo terror quando ela acrescentou que o homem que matara seu pai ia
regressar.
De repente cresceu-lhe na alma um forte desejo
de vingança.
-
Conhecia o homem que degolou o meu pai? – Perguntou.
A mulher esclareceu-o:
-
Anda sempre vestido de branco, com um cinto vermelho. Mas os cristãos também se
vestirão de branco.
Mem queria saber mais. Por alguma razão
treinara tanto com as flechas, calculava que um dia podia ter de usá-las.
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