Votámos bem ou mal? |
Afinal, votámos bem ou
mal?
Nas últimas eleições, os portugueses
disseram com clareza o que queriam e, com mais clareza ainda, o que não
queriam.
Só que, entre o querer e o não querer,
vai uma contradição, um antagonismo, uma quase impossibilidade e portanto,
neste momento, a situação política é de impasse e grande indecisão.
Indo um pouco mais longe nos pormenores,
o que resta saber é, se Passos Coelho, que durante mais de quatro anos, governou
com dogmatismo ideológico, arrogância intelectual, incapaz de fazer uma única
ponte com a oposição, e perfeitamente insensível às consequências sociais das
suas medidas de austeridade, é agora capaz de inverter tudo isso, numa
transfiguração mágica, e entender-se com a oposição, tal como o povo mandou em
função do resultado das eleições.
Sinceramente, eu não acredito nestas
mensagens e nestas ordens que o povo envia aos políticos através do resultado
das eleições.
Cada eleitor vota, ou não, porque a isso
não é obrigado e, quando o faz, procede em função de convicções íntimas, ou “sound
bites”, ou ainda por impressões mais ou menos epidérmicas, que lhes foram passadas
ao longo do período de campanha.
Portanto, mais do que enviar mensagens
ou ordens aos políticos, o eleitor, simplesmente vota, e o resultado tem a ver
com a soma desses votos que se traduzem em números e percentagens.
Desta vez, votou mal, tão mal que,
provavelmente teremos de votar outra vez.
Nós, em Portugal, não temos cultura ou
tradição democrática. Uma herança de 500 anos de obscurantismo, mais 40 de
fascismo com muito analfabetismo à mistura, conduziram-nos ao fascínio dos
grandes chefes, do poder absoluto e, tudo quanto não seja isso, é instabilidade
política, desde revoluções na rua, governos abaixo e governos acima onde todos
ralham e têm razão.
António Costa, o general que perdeu a
batalha, no dizer do Dr. Miguel Júdice, Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique,
admirador de Costa, está a tentar, com base nos deputados eleitos na
Assembleia da República, uma maioria absoluta para um governo minoritário
do PS com o apoio maioritário dos deputados eleitos.
Atendendo a que esses deputados
estiveram sempre, até aqui , fora do
Arco da Governação, se for bem sucedido, poderemos dizer que teria sido mais fácil
ganhar a batalha, de que esteve tão perto até pouco antes das eleições, do que,
agora, consertar os destroços da derrota.
Mas a vida é o que é, e o povo português,
o tal que é sábio, e reprovou amplamente as políticas do governo de Passos
Coelho, não deu a António Costa as mesmas condições que tinha dado ao outro,
como teria sido de toda a lógica e justiça.
E agora, porque António Costa pretende
repor a lógica que o resultado das eleições não contem, alargando a todos os
deputados eleitos na Assembleia da República a responsabilidade de governar o
país, é acusado, injustamente, de ser uma espécie de chefe de uma revolta de
insurrectos.
Haja Deus!... como dizem os crentes.
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