sábado, outubro 17, 2015

Votámos bem ou mal?
Afinal, votámos bem ou 

mal?














Nas últimas eleições, os portugueses disseram com clareza o que queriam e, com mais clareza ainda, o que não queriam.

Só que, entre o querer e o não querer, vai uma contradição, um antagonismo, uma quase impossibilidade e portanto, neste momento, a situação política é de impasse e grande indecisão.

Indo um pouco mais longe nos pormenores, o que resta saber é, se Passos Coelho, que durante mais de quatro anos, governou com dogmatismo ideológico, arrogância intelectual, incapaz de fazer uma única ponte com a oposição, e perfeitamente insensível às consequências sociais das suas medidas de austeridade, é agora capaz de inverter tudo isso, numa transfiguração mágica, e entender-se com a oposição, tal como o povo mandou em função do resultado das eleições.

Sinceramente, eu não acredito nestas mensagens e nestas ordens que o povo envia aos políticos através do resultado das eleições.

Cada eleitor vota, ou não, porque a isso não é obrigado e, quando o faz, procede em função de convicções íntimas, ou “sound bites”, ou ainda por impressões mais ou menos epidérmicas, que lhes foram passadas ao longo do período de campanha.

Portanto, mais do que enviar mensagens ou ordens aos políticos, o eleitor, simplesmente vota, e o resultado tem a ver com a soma desses votos que se traduzem em números e percentagens.

Desta vez, votou mal, tão mal que, provavelmente teremos de votar outra vez.

Nós, em Portugal, não temos cultura ou tradição democrática. Uma herança de 500 anos de obscurantismo, mais 40 de fascismo com muito analfabetismo à mistura, conduziram-nos ao fascínio dos grandes chefes, do poder absoluto e, tudo quanto não seja isso, é instabilidade política, desde revoluções na rua, governos abaixo e governos acima onde todos ralham e têm razão.

António Costa, o general que perdeu a batalha, no dizer do Dr. Miguel Júdice, Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, admirador de Costa, está a tentar, com base nos deputados eleitos na Assembleia da República, uma maioria absoluta para um governo minoritário do PS com o apoio maioritário dos deputados eleitos.

Atendendo a que esses deputados estiveram sempre, até aqui, fora do Arco da Governação, se for bem sucedido, poderemos dizer que teria sido mais fácil ganhar a batalha, de que esteve tão perto até pouco antes das eleições, do que, agora, consertar os destroços da derrota.

Mas a vida é o que é, e o povo português, o tal que é sábio, e reprovou amplamente as políticas do governo de Passos Coelho, não deu a António Costa as mesmas condições que tinha dado ao outro, como teria sido de toda a lógica e justiça.

E agora, porque António Costa pretende repor a lógica que o resultado das eleições não contem, alargando a todos os deputados eleitos na Assembleia da República a responsabilidade de governar o país, é acusado, injustamente, de ser uma espécie de chefe de uma revolta de insurrectos.

Haja Deus!... como dizem os crentes.
  

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