(Domingos Amaral)
Episódio N º 108
Cheio de dúvidas, Gomes Nunes exclamou:
- Ora, só se conhecem há
dois dias!
Chamoa mudou de expressão
num instante. Desapareceu do seu rosto o sofrimento e nasceu-lhe um sorriso,
quando afirmou:
- No sábado fomos passear
sozinhos ao rio da Loba e...
Elvira abriu ainda mais os
olhos, e gomes Nunes perguntou:
- Haveis perdido a virgindade?
A filha relatou que só
haviam trocado beijos, mas haviam-se prometido em casamento. Depois
de recuperar do choque, Gomes Nunes repetiu que teria de seguir as ordens da
rainha e do Trava.
Todavia, ao ouvir o nome da
família da mãe, Chamoa empolgou-se:
- Eu também sou uma Trava!
Cerrando os olhos, a mãe
ripostou-lhe.
- Por isso mesmo, tendes de fazer o que Fernão
vos manda!
Chocada com tal obrigação,
Chamoa exclamou:
- O príncipe está a cima dele! Vai ser o
herdeiro do Condado, a sua vontade é lei! Se quer casar comigo, ninguém o pode
impedir!
Gomes Nunes de Pombeiro
olhou-a com um misto de orgulho e pena. Depois sentou-se num banco desapontado
e cansado.
- O príncipe casar-se
convosco? Não creio, um dia vai casar-se com uma princesa estrangeira. Não com
uma Nóbrega galega!
De súbito, Chamoa lembrou-se
do que lhe dissera Afonso Henriques, sobre a união dos territórios! Perguntou
com veemência:
- Não quer Dona Teresa unir a Galiza com
Portugal. E de que melhor forma do que casando uma Trava com Afonso Henriques?
A intensa crença que a
habitava era deveras emocionante, mas a sua fantasia política, fundamentada
numa paixão amorosa de dois jovens, embora talvez sedutora num futuro não
demasiado distante, parecia a seu pai impraticável no presente.
Gomes Nunes de Pombeiro
suspirou mais uma vez.
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