segunda-feira, novembro 30, 2015

Novo Ciclo






















Hoje, 2ª feira, começa, verdadeiramente, o novo governo que eu gostaria que fosse também, um novo ciclo porque seria sinal de estabilidade.

Os condicionalismos dos governos portugueses, deste, do anterior e, provavelmente, do que se lhe seguirá, são fortes, tanto mais fortes quanto a política europeia não mudar em aspectos financeiros e de investimento que castiguem menos os países fracos da Europa do sul e sirva tanto os interesses dos do centro e norte, nomeadamente, a Alemanha, líder incontestável deste enorme e desigual barco que é a União Europeia.

No que a nós, estritamente, se refere, a diferença tem a ver com uma mudança de atitude: Passos Coelho concordava com essa política, era seu defensor, e entendia que os portugueses, sujeitos a austeridade, seriam compensados no futuro com investimento estrangeiro atraído pelos baixos salários de trabalhadores pouco exigentes e, do qual, haveria de surgir mais riqueza, mais emprego e a subida progressiva da qualidade de vida.

Era uma atitude, não de conformação com os sacrifícios, mas da sua própria defesa como único caminho para alcançar uma vida melhor no futuro, o qual, no entanto, para além de ter ganho a confiança dos credores, e isso foi bom, paradoxalmente, agravou a dívida do Estado, aumentou a pobreza das camadas sociais mais frágeis e retirou poder de compra à classe média a qual, como se sabe, em todo o lado, é o motor da economia de um país.

Costa, e a sua equipa, têm outra atitude. Eles entendem que não é esse o caminho embora saiba, perfeitamente, que “sair dos carris”, sem mais nem menos, seria fazer descarrilar o comboio.

Costa, não só é um político sensato como igualmente responsável, como sempre o demonstrou ao longo da sua vida, não obstante a coragem demonstrada na solução que conduziu a esquerda ao poder.

Ele propõe-se tentar influenciar a política europeia, aumentando a voz dos socialistas nas instâncias europeias, tornando mais flexíveis as metas e os constrangimentos financeiros que estrangulam a economia porque sem dinheiro para investimentos públicos - que têm de puxar pelos outros -  não haverá desenvolvimento, que significa emprego, palavra chave para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Portugal não pode fazer isso sozinho, embora se proponha ajudar, na pouca medida do possível, as condições de vida dos mais pobres, afectando, positivamente, as empresas, especialmente, as pequenas, que foram directamente atacadas por Passos Coelho logo no início da sua governação.

Mas estas coisas da macro-economia são complexas embora tenhamos agora um Ministro, Mário Centeno que é catedrático nesta matéria.  

Ao baixar o IVA de Restauração de 23 para 13% o Estado abre mão de uma receita de milhões de euros de que, naturalmente, precisa.

Espera, no entanto, que essa perda seja compensada pelo aumento da freguesia dos restaurantes, que terão de comprar mais produtos - espera-se que, na maior parte, portugueses - admitir mais pessoal, pagar melhor salários, mais impostos e fazer mais descontos para a Segurança Social.

É todo um processo em cadeia a que o nosso ministro chama de "efeito multiplicador" e que eu já tinha estudado há mais de 50 anos na minha disciplina de Princípios Gerais de Economia, com o Prof. Alfredo de Sousa, precocemente desaparecido.

Mas, para que tudo isto corra bem, é fundamental que Costa mantenha a confiança dos portugueses que já lha deram e conquiste a dos outros, dos que estão cépticos, sendo verdade que o cepticismo é um sentimento legítimo e os meus concidadão têm mais que razões, com os políticos que têm tido, para serem desconfiados. 

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