(Domingos Amaral)
Episódio Nº 147
Preocupado
com o futuro do Condado depois dos acontecimentos de Zamora e Ricobayo, meu tio perguntou o que
iria ele fazer
- Nada - respondeu Afonso
Henriques – Vou daqui para Guimarães
e não saio de lá o inverno todo.
Meu tio franziu a testa e
interrogou-se:
- E se Afonso VII nos ataca? Não temos força
para o batalhar?
O príncipe encolheu os
ombros.
Afonso de Aragão vai
entretê-lo por muito tempo.
Nesse momento, meu pai,
aproximou-se de braço dado com a esposa. Ouvindo falar em Afonso VII ele
entusiasmou-se.
Que dizeis, o rei virá ao
Condado?
Meu pai cerrou os dentes,
enciumado, e meu tio Ermígio esclareceu:
- Nobre Teresa, se ele cá vier é mau sinal.
Haverá guerra e ninguém quer isso! Nem vosso pai.
Teresa de Celanova sorriu e
para espanto dos homens, sugeriu:
- Porque não vamos todos a Toledo beijar a mão
ao novo rei?
Convenceremos meu pai e Gomes
Nunes! Príncipe, porque não vindes também?
Sereno e firme Afonso
Henriques ripostou:
- Jamais irei a Toledo. A Galiza devia ser
nossa e não de meu primo. Vosso pai pensa o mesmo.
Sem reagir à subtil crítica,
Teresa Celanova perguntou:l
- O que vale um beijo na mão de um rei, mesmo
que um pouco humilhante, comparado com a morte dos que amamos?
Perante tão dramática
questão até o príncipe se calou. Sentindo-se confiante com aquele silêncio, a
esposa de meu pai declarou:
- Não gostaria que meus filhos
e meu marido que tanto amo vivessem num tempo de guerra entre cristãos.
Meu pai, confortado por tão
amáveis palavras, tranqui lizou-a:
- Ó minha bela esposa não
falemos disso neste dia de alegria.
Como é evidente naquele
tarde não ouvi muitas das conversas, como a anterior e foi a minha prima
Raimunda que ma relatou depois, dizendo-me igualmente que nunca tirou o olho de
cima de Afonso Henriques e em Chamoa, mas nunca os viu juntos.
Era sabido que Paio Soares
poderia ainda chegar e talvez por isso os apaixonados de Viseu evitavam-se e só
se encontraram no fim do dia.
Já de partida, o príncipe
deu de caras com gomes Nunes de Pombeiro, sua mulher e Chamoa. Encantado
saudou-a com beijos e elogios, agora que esperais uma criança!
Chamoa corou, lisonjeada,
mas logo seu pai protestou:
- Príncipe, Paio Soares traiu-me! Prometeu que
salvava Toronho e afinal Afonso VII invadir-me as terras! Se Chamoa não
estivesse grávida, pedia a anulação do casamento!
Vendo o príncipe indiferente
aos argumentos do marido, Elvira perguntou-lhe:
- Não podeis proteger Toronho? Não temos
homens suficientes para nos batermos contra Afonso VII!
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