quarta-feira, janeiro 06, 2016

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

Episódio Nº 147




















Preocupado com o futuro do Condado depois dos acontecimentos de  Zamora e Ricobayo, meu tio perguntou o que iria ele fazer

- Nada - respondeu Afonso Henriques – Vou daqui para Guimarães e não saio de lá o inverno todo.

Meu tio franziu a testa e interrogou-se:

 - E se Afonso VII nos ataca? Não temos força para o batalhar?

O príncipe encolheu os ombros.

Afonso de Aragão vai entretê-lo por muito tempo.

Nesse momento, meu pai, aproximou-se de braço dado com a esposa. Ouvindo falar em Afonso VII ele entusiasmou-se.

Que dizeis, o rei virá ao Condado?

Meu pai cerrou os dentes, enciumado, e meu tio Ermígio esclareceu:

 - Nobre Teresa, se ele cá vier é mau sinal. Haverá guerra e ninguém quer isso! Nem vosso pai.

Teresa de Celanova sorriu e para espanto dos homens, sugeriu:

 - Porque não vamos todos a Toledo beijar a mão ao novo rei?

Convenceremos meu pai e Gomes Nunes! Príncipe, porque não vindes também?

Sereno e firme Afonso Henriques ripostou:

 - Jamais irei a Toledo. A Galiza devia ser nossa e não de meu primo. Vosso pai pensa o mesmo.

Sem reagir à subtil crítica, Teresa Celanova perguntou:l

 - O que vale um beijo na mão de um rei, mesmo que um pouco humilhante, comparado com a morte dos que amamos?

Perante tão dramática questão até o príncipe se calou. Sentindo-se confiante com aquele silêncio, a esposa de meu pai declarou:

- Não gostaria que meus filhos e meu marido que tanto amo vivessem num tempo de guerra entre cristãos.

Meu pai, confortado por tão amáveis palavras, tranquilizou-a:

- Ó minha bela esposa não falemos disso neste dia de alegria.



Como é evidente naquele tarde não ouvi muitas das conversas, como a anterior e foi a minha prima Raimunda que ma relatou depois, dizendo-me igualmente que nunca tirou o olho de cima de Afonso Henriques e em Chamoa, mas nunca os viu juntos.

Era sabido que Paio Soares poderia ainda chegar e talvez por isso os apaixonados de Viseu evitavam-se e só se encontraram no fim do dia.

Já de partida, o príncipe deu de caras com gomes Nunes de Pombeiro, sua mulher e Chamoa. Encantado saudou-a com beijos e elogios, agora que esperais uma criança!

Chamoa corou, lisonjeada, mas logo seu pai protestou:

 - Príncipe, Paio Soares traiu-me! Prometeu que salvava Toronho e afinal Afonso VII invadir-me as terras! Se Chamoa não estivesse grávida, pedia a anulação do casamento!

Vendo o príncipe indiferente aos argumentos do marido, Elvira perguntou-lhe:


 - Não podeis proteger Toronho? Não temos homens suficientes para nos batermos contra Afonso VII!

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