domingo, janeiro 24, 2016

Por que vou votar...
Hoje é Domingo

(Na minha cidade de Santarém, em 24/1/16)













Porque vou votar.

Hoje, é daquelas vezes que podia nem votar. A satisfação de saber que faça eu o que fizer, vote ou não vote, vote neste ou naquele, o Cavaco se vai embora, deixa-me não só satisfeito mas também tranquilo.

O Presidente da República, no meu país, de regime semi-presidencialista, tem funções pouco menos do que de representação.

Pode vetar as leis que lhe são apresentadas mas se o Parlamento insistir vai ter mesmo que as promulgar com correcções ou sem elas... digamos que apenas marcou posição.

Mais a sério... tem o poder de usar a “bomba atómica” que Jorge Sampaio utilizou quando mandou embora Santana Lopes, dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições.

Este, sim, é um poder a sério mas depende de apreciações de carácter subjectivo sobre o regular funcionamento das instituições que não são fáceis de fazer e, no mínimo, são sempre polémicas.

Dos candidatos presidenciáveis a estas eleições, parece que só um o é verdadeiramente: Marcelo Rebelo de Sousa, velho conhecido dos portugueses, visita lá de casa há muitos anos, "pessoa de confiança”... até dizem que ele é “fixe” como disseram de Mário Soares.

Se não ganhar à primeira, o que não é provável, ganhará à segunda e o assunto fica arrumado.

A história não se escreve duas vezes, o futuro a Deus pretence, blá-blá-blá-blá-blá... de forma que a vantagem ou desvantagem para o país, de um ou outro ser eleito, ficará para sempre no segredo dos deuses... afinal, importante, importante mesmo, é o que fará António Costa.

Eu, naturalmente, já votei. Mesmo que quisesse não poderia ter deixado de o fazer por uma questão de compromissos com o passado já remoto do antes do 25 de Abril que eu próprio vivi.

É fácil perceber por quê:

-Estou marcado pela minha geração. Nasci em 39, cantei o hino da mocidade portuguesa de braço estendido quando ainda era criança, como os nazis, fui humilhado por uma professora de instrução primária, por ordens dele, porque não tinha a inteligência brilhante do filho do meu vizinho, o Mário Martins, fui para a guerra de Angola a seu mando, e vivi anos e anos naquela mentalidade salazarenta a olhar de esguelha para a mesa do café ao lado, desconfiado, e até tive a desdita de, por vias de resto, conhecer um inspector da Pide que me insultou e ameaçou pelo telefone por não ter feito uma ilegalidade para o beneficiar...

São muitas razões, um historial delas...

Voto por coerência, porque sou um homem do 25 de Abril, voto por vingança, por tudo o que ele me fez sofrer na guerra de África, pela humilhação do braço estendido em criança... voto porque hoje é dia de eleições!


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