Viva Dona Antonieta |
Tieta do Agreste
(Jorge Amado)
EPISÓDIO Nº 78
Pirica vem em busca de Ascânio, trazendo recado do coronel
Artur da Tapitanga e notícia sensacional: os engenheiros da Hidrelétrica de
Paulo Afonso encontram-se em Agreste e querem falar com alguém responsável pela
Prefeitura.
Foram à casa do perfeito, deu a maior confusão. Doutor Mauritônio
não diz coisa com coisa, vive num mundo de fantasmas, agrediu o engenheiro
chefe confundindo-o com o agrónomo Aristeu Regis responsável pela deserção de
Amélia Doce Mel.
Insultados e expulsos foram parar na fazenda do coronel Artur de
Figueiredo, Presidente da Câmara Municipal. O octogenário enviara Pirica com
ordens de trazer Ascânio.
Há uma animação geral, querem saber mais, reclamam detalhes, mas
Pirica, além do já contado, acrescenta apenas uma informação: o Coronel estava
muito contente quando o encarregara do recado:
- Diga a Ascânio que os homens da luz estão aqui ,
não perca um minuto.
- Fidélio exclama:
- Vão instalar a luz, ganhei a aposta. Viva dona Antonieta!
O primeiro viva, seguido de outros ali mesmo, debaixo dos coqueiros.
Prólogo às comemorações da cidade, Agreste vai vibrar com a notícia. Ascânio,
empertigado, encaminha-se para Tieta:
- Permita, dona Antonieta, que eu lhe antecipe a gratidão do povo de
agreste.
Tieta estende a mão a Ascânio para que ele a ajude a levantar-se:
- Ainda não Ascânio. Não arrote antes de comer. Atenda ao chamado do
Coronel, tire o assunto a limpo, por hora não se sabe de nada certo.
Eu aprendi
a não soltar foguete antes do tempo para não queimar a mão. Se for verdade,
quem mais merece parabéns é você que você que lutou tanto. Eu pouco fiz, só fiz
pedir.
- As intenções, os gestos não valem nada quando não trazem resultados,
foi a senhora mesmo que me disse – retruca Ascânio.
- Você brigou, se bateu, não ficou na intenção. Vá saber o que há e se
for verdade comemoremos juntos.
- Nós e o povo todo, dona Antonieta. Vai ser a maior festa de Agreste.
O entusiasmo domina a alegre comitiva. Tieta, queira ou não é abraçada,
beijada, felicitada.
Barbozinha ameaça discursar, fará um poema à luz de Paulo
Afonso, luz nascida dos olhos de Tieta; Osnar propõe que a carreguem em triunfo
– solte minha perna seu aproveitador!
Aminthas promete a Fidélio pagar a aposta
assim a notícia se confirme. Afectuoso abraço do comandante; solenes
felicitações de Modesto Pires, impressionadíssimo com o prestígio da
conterrânea; nunca acreditara que os pedidos feitos por ela dessem resultado
positivo; nem vão tomar conhecimento dos telegramas, jogam no lixo, garantira a
dona Aída e a alguns amigos.
Perpétua empina o peito: as relações da irmã na
cúpula da política e do governo são um orgulho para a família, sua posição social
eleva todos os parentes.
Se não estivesse tão amuada, ao ouvir a palavra
cúpula, Tieta abriria num frouxo de riso; ainda assim sorri nos braços de
Perpétua. Elisa, emocionada não contem o choro, cobre a irmã de beijos.
Dona
Carmosina e dona Milu jamais duvidaram, contavam as horas na espera da
resposta.
Agora, perante a presença dos engenheiros em Agreste, que dirão os
incrédulos?
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