(Domingos Amaral)
Episódio Nº 240
Sempre rebelde, Gonçalo logo
exclamou:
- Nunca vos vi com tais preocupações com Paio
Soares!
Disse-o sem se lembrar que
estava a falar do pai de Ramiro e por isso logo se arrependeu, olhando para o
templário.
- Desculpai-me...
Este encolheu os ombros:
- Nunca me tratou como
filho.
Depois de um curto silêncio,
Afonso Henriques declarou que Coimbra não podia estar tão exposta, e disse a
paio Soares que era imperioso construírem mais castelos para sul, abaixo de
Soure, para impedir os infiéis de chegarem ao Mondego. Por fim exclamou:
- Hoje foi a última vez que
Abu Zakaria pôs os pés nesta cidade!
Peres Cativo afastou-se, de
certo já a planear aquela nova missão, enquanto Afonso Henriques colocava a mão
no ombro de Ramiro e o olhava nos olhos.
- Lamento ter ferido vosso
pai – disse
O outro aceitou aquele
arrependimento póstumo sem palavras e o príncipe prosseguiu:
- Espero contar convosco
como meu pai contou com o vosso.
Ramiro prometeu-lhe
lealdade. Depois, relembrou que Paio soares e o conde Henrique, muitos anos
antes, haviam saído de Coimbra para esconder uma relíqui a,
ninguém sabe onde e que Gondomar morrera infeliz por não a encontrar.
Meu pai recusou-se a revelar-me
onde a escondeu – acrescentou – mas sei que a relíqui a
deve ser entregue a vós, disse-me Gondomar.
O príncipe ficou calado
durante algum tempo. Depois afirmou:
- Nossos pais vieram juntos esconder uma relíqui a sagrada. Agora temos de procurá-la os dois.
Ramiro informou-o que só a
bruxa sabia quem era o terceiro homem que acompanhara o conde Henrique e Paio
Soares e o príncipe ordenou ao templário que encontrasse a mulher de negro.
- Será a vossa missão.
Ao ouvi-lo Gonçalo comentou,
olhando para a cript a:
- já que falamos em mulheres... está na hora
de conversar com as outras!
Começaram a dirigir-se à
capela mortuária mas, antes de entrarem, Ramiro chamou o príncipe à parte e
pediu-lhe em voz baixa que devolvesse o punhal com que matara o fedayin e que
pertencia a seu pai, Paio Soares.
Em segundo lugar, porque o
príncipe não podia devolver o que não tinha, pois não ficara com o belo punhal.
Tirara-o das mãos do Rato e
depois matara o assassin, mas não o recolhera da garganta do morto!
- Deve ter sido o vosso
companheiro! – exclamou Afonso Henriques.
Assim tinha sido. O Rato
retirara o punhal da garganta do assassin, mas depois colocara-o num balde com
água para o lavar do sangue. Porém, no final daquela confusão e quando o fora
buscar, o punhal já não estava lá.
Nos dias seguintes Ramiro
investigou o estranho roubo. Falou com os soldados e os curandeiros que tinham
estado no barracão, com Fátima e com Zaida, com Mem e com o rato, com o Peida
Gordo e com o Velho, mas ninguém vira o punhal de Paio Soares.
Misteriosamente,
desaparecera.
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