Pelos caminhos que as coisas levam
qualquer dia todas as pessoas são desonestas até prova em contrário.
Vejam
bem:
- Os valores calculados para a economia
paralela são, entre nós, de cerca de 46 mil milhões de euros. Transacções não
declaradas cujos impostos nunca serão pagos...
- De repente, com a fuga de informação de
um escritório de advogados no Panamá, ficámos igualmente a saber que milhares
de milhões de euros que deviam circular no nosso país, fugiram para aqueles “paraísos
fiscais” para não pagarem impostos...
- Mais perto de nós, aqueles que deviam
fiscalizar e policiar o cumprimento das leis e obrigações fiscais são detidos
por se aproveitarem dessas funções para enriquecerem...
- Os Bancos, essas respeitáveis instituições
de há 30 ou 40 anos, abrem falência uns atrás dos outros, arrastando consigo o
dinheiro dos que neles depositaram confiança e dos desgraçados dos contribuintes
chamados a pagar em última instância...
- Em Paris e Bruxelas, dezenas de pessoas,
cidadãos anónimos, mulheres e crianças, são mortas por assassinos portadores de
uma ideologia que os manda matar...
Existe uma perda generalizada de confiança
dos cidadãos nas instituições, na própria sociedade, como nunca me lembro de
ter havido.
Olhando para fora das nossas fronteiras o
panorama é desolador, com aquele espectáculo diário dos refugiados da Síria que
se acumulam em linhas de fronteira para tentarem passar para países do Norte
onde esperam uma vida melhor.
As previsões são más. Para 2017 espera-se,
para o nosso país, um crescimento da riqueza inferior ao de 2016.
Quando o petróleo estava a 100 dólares o barril queixávamo-nos porque os combustíveis estavam muito caros, agora, quando não chega aos 40, não há dinheiro para investimentos, as empresas não têm obras e os trabalhadores vão para o desemprego.
Quando o petróleo estava a 100 dólares o barril queixávamo-nos porque os combustíveis estavam muito caros, agora, quando não chega aos 40, não há dinheiro para investimentos, as empresas não têm obras e os trabalhadores vão para o desemprego.
Tudo, debaixo do olhar vigilante e severo
do Ministro das Finanças alemão que, por azar dele, se desloca numa cadeira de
rodas e, sem complacência nem piedade, impõe aos europeus o rigor dos seus números
sem qualquer abertura para suavizar os sacrifícios dos mais pobres.
Os alemães, descendentes dos visigodos, bárbaros
de longas tranças, castigados com severidade pelos romanos e obrigados a
refugiarem-se na margem esquerda do Danúbio, têm memória de elefante e não
esqueceram os agravos e mesmo perdendo, num passado recente, duas guerras
mundiais, não deixam de fazer a “vida negra”aos europeus, especialmente aos povos do Sul da
Europa, hoje mais vulneráveis.
Claro que nem tudo depende dos
descendentes dos “bárbaros de longas tranças”. Vivemos num mundo globalizado e
há muita coisa que também hoje se lhes escapa e até, das quais, eles também são
vítimas mas, não querendo nós ser injustos, há uma preocupação com os números,
que são ditados por eles, que não vemos com as pessoas e essa falta de
sensibilidade, que o Passos Coelho interpretava muito bem, pode ter nefastas
consequências no tecido social europeu.
posted by Joaquim Paula de Matos at 3:32 da tarde
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