domingo, abril 24, 2016

Convento de Sta Clara, a caminho do Liceu de Santarém
Hoje é


Domingo





 (Na minha cidade de Santarém em 24/4/16)



















Estou desiludido com a minha Europa apesar de não querer viver, por opção, em qualquer outro lado, até já pelo adiantado da hora... quero dizer da minha vida.

Gostei muito das minhas experiências em África, em Angola, no Alto Zambeze, junto desse simpático povo Luena e mais tarde, em Moçambique, na cidade da Beira, esse nicho inter-racial de que um amigo meu se dava ao luxo de ser descendente directo de brancos, asiáticos e negros parecendo mesmo ter herdado o que de melhor cada uma destas raças possui.

Estas experiências tiveram, tanto uma como a outra, carácter de transitoriedade, de quem está mas vai deixar de estar, o que não permite desfrutar totalmente, em corpo e espírito, do local, da paisagem, das pessoas.

É como ter alguma coisa de que se está em vésperas de perder e o sabor da posse já sabe a ausência...

Recordo o cheiro do continente africano depois daquelas grandes chuvadas que vinham como iam, com um estalar de um dedo, que é como quem diz, de um trovão, e deixavam o ar a cheirar a lavado do céu, para aplauso de tudo quanto eram rãs e sapos que desatavam numa cantoria infernal...

Mas eu não quero recordar África, prefiro guardá-la no coração...

Agora, o que me apetece é apontar o dedo à Europa, à minha Europa, a que pertenço, mesmo tendo sido por pouco, aqui tão à beirinha.

Acuso-a de egoísta, interesseira e insensível. Sim, a insensibilidade é hoje a imagem de marca da Europa, relativamente aos seus cidadãos e a todos quantos, em desespero de vida, a procuram depois de termos destabilizado completamente os seus países de origem, ficando depois, por aí, os que conseguem cá chegar, esquecidos, em qualquer uma linha de fronteira.

E os cidadãos europeus vão-se acantonando à volta dos seus privilégios que muitos deles vão perdendo ou por que ganham cada vez menos ou ficam sem trabalho ou não o arranjam. Salva-os a protecção do Estado Social, conquista da Europa democrática do pós-guerra.

Não vale a pena escamotear a verdade: a Europa é vítima da sua liderança, de um senhor alemão, que se desloca em cadeira de rodas e satisfaz o seu ego impondo critérios de rigor financeiro aos países seus parceiros, parece que, a mando, segundo ele diz, de um grupo de outros alemães que o suportam e apoiam politicamente.

Pessoas, com certeza, de natureza reservada, desconfiados, cuja maneira de pensar, sendo boa para eles é, fatalmente, a melhor para todos e, se alguém tem dúvidas que olhe para os resultados da Balança Comercial do seu país, excedentária, e que eles mantêm orgulhosamente, mesmo em desfavor da qualidade de vida do povo alemão e, sabendo nós, que ela beneficia do esforço de industrialização de guerra, ordenado por Hitler, que se fez sentir nos tempos de paz mas que, em princípio, se destinava a escravizar os europeus.

Somos todos, em resumo, ferreamente conduzidos por aquele grupo de senhores, descendentes dos  visigodos, de longas tranças e compridos bigodes, a quem os romanos chamavam de bárbaros, ofensa que eles nunca esqueceram e que, depois de duas grandes guerras que deveriam ter sido punitivas mas que foram mal sucedidas, tentam agora, em paz e finalmente com sucesso, ditarem- nos as suas leis.

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