(Domingos Amaral)
Último episódio Nº 258
Príncipe – devíamos ir para Sul, partir
já, antes que eles nos roubem a relíqui a!
Ao olhar para o meu amigo, reparei que ele
estava fascinado com Chamoa. Admirava-a em silêncio, como se ela fosse o seu
ídolo e estivesse novamente enamorado pela sua formosura, pela sua graciosidade,
pelos seus olhos de corça.
Já desinteressado das minhas palavras,
ouvi-o declarar:
-
Vós sois o meu tesouro, Chamoa.
Reaproximando-se dela, o príncipe
abraçou-a e disse:
- Finalmente, sois minha.
Minha esposa Maria fez-me um sinal com o
olhar, e depois a Gonçalo, sugerindo que nos retirássemos, e assim fizemos,
deixando Chamoa e Afonso Henriques sozinhos. Nesse momento ela olhou-o e
perguntou:
-
Perdoais-me?
O príncipe beijou-lhe as mãos e retorqui u:
- E
vós, estais disposta a esquecer o mal que eu vos fiz?
Mais serena, Chamoa encostou a cabeça ao
peito dele, dizendo:
- Já sofremos demais, agora é tempo de
ficarmos juntos.
Então, Afonso Henriques beijou-a na boca,
enamorado e assim ficaram algum tempo, sorrindo um ao outro, até que Chamoa
franziu a testa e o interrogou:
- E
a outra está por cá?
O príncipe esclareceu-a: Elvira estava em
Lanhoso, com as irmãs dele, e prometeu que não voltaria a chamar.
Quero amar-vos só a vós e a mais ninguém.
Chamoa sorriu, agradada, e depois o
príncipe pegou nela ao colo, e carregou-a pelas escadas da torre de menagem até
aos seus aposentos.
Nessa noite, os dois amaram-se pela
primeira vez com fervor e sem pressas, apaixonados e felizes.
Lembro-me de que, para mim e para minha
esposa Maria, a merecida felicidade que finalmente existia entre Chamoa e
Afonso Henriques, parecia ser a única coisa que nos interessava naquele dia,
fazendo-nos esquecer que, à nossa volta, se estava a formar uma tempestade
colossal.
A aliança entre o Trava, o arcebispo
Gelmires e o rei Afonso VII iria fustigar-nos a Norte; enquanto, no Sul o
talento bélico de Abu Zakaria, e a sua permanente vontade de resgatar Fátima e
Zaida se juntaria às maldições da bruxa Sohba para nos causar violentos
estragos.
Além disso, era óbvio que em Coimbra,
alguém se tinha apoderado do punhal de Paio Soares, podendo já saber o local do
esconderijo da relíqui a da Terra
Santa.
Mas, ali em Guimarães, estávamos tão
felizes com a harmonia daqueles dois, que tanto amávamos, que nem nos demos
conta de que as Portas do Inferno se estavam a abrir, e de o reino de Portugal
iria entrar por elas nos anos seguintes.
FIM DA 1ª PARTE
Continua em:
A VITÓRIA DO IMPERADOR
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home