A Vitória do Imperador
- A
Profecia da Normanda
Episódio Nº 9
Aquelas constantes referências
às princesas fizeram-me também recordar a sagrada relíqui a
da Terra Santa que os Templários de Soure procuravam há vários anos.
- Há novidades do Ramiro? –
perguntei.
Afonso Henriques abanou a
cabeça. Ramiro, o filho bastardo de Paio Soares, que se alistara na Ordem do
Templo de Salomão, fora encarregue pelo príncipe de descobrir o paradeiro do
valioso tesouro de Jerusalém, mas não obtivera qualquer resultado na sua
secreta missão.
Além disso, Ramiro fora
também incapaz de encontrar a misteriosa Sohba, desaparecida tempos antes. Tia
das princesas Zaida e Fátima e filha do último califa de Córdova, Sohba era a
mais velha representante da família Benu Ummeya, antiga detentora do trono
daquela cidade islâmica.
Por obscuras razões que
ainda desconhecíamos, a velha mulher de negro era a única a conhecer o
esconderijo da relíqui a sagrada, mas
evaporara-se num golpe mágico.
A velha bruxa esticou o
pernil! – sugeriu Gonçalo de Sousa.
Não concordei e declarei que
a devíamos procurá-la depressa, pois também Fernão Peres de Trava desejava
encontrar a relíqui a para oferecer a
Afonso VII, o que representava um perigo para o nosso príncipe e para o Condado
Portucalense.
- Sohba é a chave do
mistério da relíqui a – proclamei,
preocupado.
Nesse momento, meu tio
Ermígio franziu a testa e perguntou-me:
- Tendes a certeza de que é uma bruxa?
Pouco sabíamos sobre aquela
duvidosa personagem mas Afonso Henriques mostrou-se desinteressado dessas
distantes questões e recuperou a habitual lenga-lenga do seu azar com as
mulheres.
Foi Gonçalo quem o
interrompeu, relembrando:
- Podeis sempre ir esperar a normanda! Se
aquelas fabulosas tetas fossem minhas, espumava-me em Lanhoso todas as santas
noites.
Ouviram-se mais risos e novo
protesto de Teresa de Celanova, e só meu tio Ermígio permaneceu absorto nos
seus tristes pensamentos enquanto o príncipe afirmava que iria a Lanhoso afogar
as mágoas no regaço da sua amiga Elvira, descendente de normandos!
Sempre teatral, Gonçalo
ergueu os braços ao alto e declarou:
- Aleluia, ressuscitou!
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