(Jorge Amado)
Episódio nº 166
Conseguem por fim chegar a um compromisso sobre o orçamento quando Jairo freia a marinete e a poeira sufoca Esperidião do Amor Divino, magricela e esporrento. Voltando a respirar, o mestre-de-obras reclama:
- Estão falando por aí em poluição como se essa desgraçada marinete não estivesse acabando com os pulmões da gente há mais de vinte anos.
Jairo desce segurando dois pacotes, descansado, indiferente às três horas de atraso, às paradas, à volubilidade do motor naq1uele dia de humor bastante instável:
- Duas encomendas para você, Ascânio. Essa foi Canuto quem mandou.
- Um embrulho largo, ainda na embalagem original endereçado a Canuto Tavares por uma firma da capital.
Ao recebê-lo Ascânio apalpa o pacote:
- Sei do que se trata – Volta-se para Esperidião: - É a placa da rua. Chegou mais cedo do que eu esperava.
- Esse outro, foi Miroel, da agência de passagens, quem me deu, dizendo que era urgente. Parece ser coisa importante, veio no ônibus que faz a linha directa de salvador a Aracaju. Parou em Esplanada, só para deixar esse troço. Está entregue. Rapidez e eficiência – Ri.
Entrega, ri e fica à espera. Ruído de curiosidade, aguarda a abertura dos embrulhos. O primeiro, como Ascânio previra, contém a placa para a nova rua com o nome de dona Antonieta em letras brancas sobre fundo azul. Jairo e Esperidião aproximam-se para admirá-la, Ascânio a encomendara na Baía, em firma especializada, por intermédio de Canuto Tavares. O funcionário relapso da agência de Correios e Telégrafos é uma espécie de correspondente de Agreste em esplanada, a cujos préstimos Ascânio recorre com frequência.
Apressada e decidida passageira, dona Preciosa, directora do Grupo Escolar, levanta-se e toca a extraordinária busina da marinete, espantando pássaros – Jairo não se enxerga: indiferente ao atraso enorme, ainda salta para conversar, quando estão, finalmente, na recta de chegada. O pacote, dirigido a Ascânio trindade, Dinâmico Prefeito de Sant’Ana do Agreste, URGENTE, assim em maiúsculas e ainda por cima a vermelho, contem jornais e uma carta.
Enquanto a poluição sonora da buzina põe calangos em fuga, Ascânio abre um dos jornais e seu rosto se descontrai, desaparecem a irritabilidade, a fadiga, a amargura, ao ler, em letras garrafais, manchete em primeira página: A BRASTÂNIO DESMASCARA UM IMPOSTOR e ao constatar, num relance, não ser outro o impostor desmascarado senão o cronista de A Tarde, Giovanni Guimarães.
Surgindo na porta da marinete, dona Preciosa ergue a voz ácida e ameaçadora, habituada a ralhar com meninos, reduzindo-os ao silêncio e à obediência, a verruga a tremer, indaga:
- O bate-papo vai demorar muito, Jairo?
- Já estamos indo, dona Preciosa – Quem respondeu foi Ascânio, andando para a marinete, seguido por Jairo e Esperidião. Segura os jornais como quem segura ouro, pedras preciosas, remédio contra a morte.
- Estão falando por aí em poluição como se essa desgraçada marinete não estivesse acabando com os pulmões da gente há mais de vinte anos.
Jairo desce segurando dois pacotes, descansado, indiferente às três horas de atraso, às paradas, à volubilidade do motor naq1uele dia de humor bastante instável:
- Duas encomendas para você, Ascânio. Essa foi Canuto quem mandou.
- Um embrulho largo, ainda na embalagem original endereçado a Canuto Tavares por uma firma da capital.
Ao recebê-lo Ascânio apalpa o pacote:
- Sei do que se trata – Volta-se para Esperidião: - É a placa da rua. Chegou mais cedo do que eu esperava.
- Esse outro, foi Miroel, da agência de passagens, quem me deu, dizendo que era urgente. Parece ser coisa importante, veio no ônibus que faz a linha directa de salvador a Aracaju. Parou em Esplanada, só para deixar esse troço. Está entregue. Rapidez e eficiência – Ri.
Entrega, ri e fica à espera. Ruído de curiosidade, aguarda a abertura dos embrulhos. O primeiro, como Ascânio previra, contém a placa para a nova rua com o nome de dona Antonieta em letras brancas sobre fundo azul. Jairo e Esperidião aproximam-se para admirá-la, Ascânio a encomendara na Baía, em firma especializada, por intermédio de Canuto Tavares. O funcionário relapso da agência de Correios e Telégrafos é uma espécie de correspondente de Agreste em esplanada, a cujos préstimos Ascânio recorre com frequência.
Apressada e decidida passageira, dona Preciosa, directora do Grupo Escolar, levanta-se e toca a extraordinária busina da marinete, espantando pássaros – Jairo não se enxerga: indiferente ao atraso enorme, ainda salta para conversar, quando estão, finalmente, na recta de chegada. O pacote, dirigido a Ascânio trindade, Dinâmico Prefeito de Sant’Ana do Agreste, URGENTE, assim em maiúsculas e ainda por cima a vermelho, contem jornais e uma carta.
Enquanto a poluição sonora da buzina põe calangos em fuga, Ascânio abre um dos jornais e seu rosto se descontrai, desaparecem a irritabilidade, a fadiga, a amargura, ao ler, em letras garrafais, manchete em primeira página: A BRASTÂNIO DESMASCARA UM IMPOSTOR e ao constatar, num relance, não ser outro o impostor desmascarado senão o cronista de A Tarde, Giovanni Guimarães.
Surgindo na porta da marinete, dona Preciosa ergue a voz ácida e ameaçadora, habituada a ralhar com meninos, reduzindo-os ao silêncio e à obediência, a verruga a tremer, indaga:
- O bate-papo vai demorar muito, Jairo?
- Já estamos indo, dona Preciosa – Quem respondeu foi Ascânio, andando para a marinete, seguido por Jairo e Esperidião. Segura os jornais como quem segura ouro, pedras preciosas, remédio contra a morte.
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