segunda-feira, agosto 29, 2016

Testes de Carácter


















Se há testes para tanta coisa tendo em vista avaliar, seleccionar, admitir e excluir candidatos, por que não um teste de carácter para se ser Presidente dos EUA?

A resposta, é que não precisa. Nenhuma pessoa, desconhecida do grande público, se candidata a um lugar destes.

A avaliação é o resultado, por vezes, de muitos anos de conhecimento, no caso concreto de Hillary Clinton, 25 anos e, relativamente a Trump, é como se sempre o tivéssemos conhecido...

Infelizmente, os europeus não votam para o Presidente dos EUA mas, dada a importância deste país para os destinos do mundo, até deviam votar...

O eleitorado dos EUA não é de fiar e a nossa esperança é que haja sempre uma margem de pessoas, pequena que seja, que nos ponham a salvo dos “Trumpes”, e outros que tais, que sempre existiram por ali.

Ouvimos, anos atrás, os discursos de Obama e, na qualidade de cidadãos do mundo, ficámos vergados às suas ideias e pensamentos, como homem e como político, e lamentámos, interiormente, não lhe termos podido dar o nosso voto, e ele ganhou à “retinha”...


Tivesse sido na Europa e daria uma “abada” aos seus adversários, mas o eleitorado americano não tem a capacidade de escrutínio dos europeus, não obstante os disparates que já fizemos neste domínio, incluindo todos os ditadores que, entre nós, chegaram ao poder através do voto.

Agora, vamos ter, de um lado a Hillary, velha conhecida de todos cujo grande “crime” para esta eleição, são uns e-mails e, do outro, Trump, vendedor de ódio, o ódio que todos guardamos dentro de nós em maior ou menor quantidade.

Qual o eleitorado que não tem pessoas insatisfeitas, frustradas, zangadas consigo próprias e com a vida?

São todas estas pessoas, muitas delas hoje instaladas na classe média americana, que não vêm a sua situação económica melhorar desde há uns anos a esta parte, que estão receptivas ao tipo de discurso de Trump e ao ódio que ele contem.

Se perdemos a esperança de melhorar na vida, resta-nos o ódio que é alternativa à conformação e funciona como escape.

Trump sabe isso e sabe também que nada tem para oferecer às pessoas mesmo que ele possua um avião particular e torres com o seu nome, que ele ostenta como vitórias da sua vida, das suas extraordinárias qualidades, e que não passam de miragens para o comum dos cidadãos.

Trump apela ao ódio, simplesmente... O ódio que é filho da insatisfação, que tem os seus adeptos certos entre aqueles que vivem despeitados porque a sorte não lhes sorriu, e se a empresa fechou e vamos para o desemprego, num país sem apoios sociais que protejam as pessoas nas situações difíceis da doença e falta de trabalho, por que não odiar, por que não dar ouvidos àquele homem que apela ao que existe de mais primário dentro de nós próprios, que tolda o discernimento, que nos faz regressar ao animal que nunca deixámos de ser?...

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