sexta-feira, novembro 11, 2016

Day After...
















Tenho em cima da minha secretária a revista Visão de que sou assinante e que tem na capa a fotografia de Trump a fazer uma careta de porco.
Instintivamente, virei-a ao contrário, enojado.
Eu faço ideia como deve sentir-se a maioria dos eleitores americanos que votou Hillary, mais de 200 mil no conjunto do voto popular, e que agora têm que gramar com este desqualificado como Presidente...
Não vai ser fácil e eu, que estou cá deste lado do Atlântico e pouco ou nada tenho a ver com aquilo, rigorosamente falando, porque na prática não é bem assim, compreendo muito bem a imagem daquela mulher, compulsivamente lavada em lágrimas, que apareceu na televisão, vendo o seu país representado agora por um sexista assumido e declarado que a envergonha.
A mediatização da política acaba nisto e o voto popular transforma-se numa arma terrível que se vira contra a própria sociedade que devia defender.
Está tudo agora na mão dos republicanos: Congresso, Senado, Presidência.
- E do Partido Democrata, que se espera dele?
As faixas etárias mais jovens, entre os 18 e 45 anos, votaram maciçamente em Hillary e o rumo mais inteligente parece ser o de virar à esquerda, mais progressistas, ao estilo Berny Sanders.
Para já, o poder político, vai virar “beato” e os cristãos fundamentalistas vão querer repor as orações nas escolas... e a contestação nas ruas irá subir fortemente.
Desconfio que será um período de agitação social como não se vê desde as manifestações contra as guerras do Vietnam e Iraque, especialmente se Trump quiser impor ao mandato a sua marca pessoal à qual vai ser difícil fugir...
É verdade que ele não é um verdadeiro ideólogo, com uma doutrina e uma política. É mais um homem de negócios, concursos de beleza, construção civil, e essa poderá ser a sorte dos americanos que daqui a 4 anos podem emendar o rumo.
Richard Zimler, que nasceu em Nova York e dá aulas na Escola Superior de Jornalismo e na Universidade do Porto, afirma que teve, com a eleição de Trump, “uma sensação física de dor” porque a visão que ele tem da América não se encaixa na versão proposta por Trump.
Externamente, pouquíssima coisa irá mudar porque tudo está condicionada por Acordos e negociações e é muito pouco provável, apesar do “parlapiá” da campanha, que vá mudar a Nato e os Acordos com a Europa e a Ásia.
O mais problemático será o Supremo Tribunal norte-americano onde ele, provavelmente, poderá nomear pelo menos um, talvez até 4 juízes desse Tribunal, e são eles que determinam muitos aspectos da vida quotidiana dos americanos: impostos, casamentos entre pessoas do mesmo sexo, aborto, utilização de marijuana para fins terapêuticos, são assuntos importantes que virão com certeza à baila e, como o dinheiro para as Despesas Militares é sagrado, serão os orçamentos da educação, cultura e ciência os sacrificados.
O maior receio é que ele vá aumentar o fosso entre as pessoas mais ricas e as mais pobres de uma forma dura. Dura também será a lição dos mais fracos que votaram no Trump ou não votaram na Hillary e que vão aprender a repercussão do seu voto nas suas próprias vidas. Por exemplo, o apoio que Obama ainda lhes conseguiu na doença, deverá ser o primeiro sacrificado a favor das companhias de Seguros. Se não tiverem dinheiro ficarão completamente desprotegidas...
Depois de Obama, Trump, ou seja, o mundo aos tropeções, avanços e recuos e, definitivamente, as pessoas nunca aprendem nada, seja qual for o preço das lições que tenham de pagar...
Sara Palin, Governadora do Alasca, mãe de cinco filhos, fanática religiosa e reaccionária do ponto de vista político, e que se fala poder ir para a Administração de Trump, interrogada há anos sobre a razão pela qual a América tinha invadido o Iraque, limitou-se a responder: - “Porque Deus quis...”
Por outras palavras, os EUA vão ficar entregues aos deuses, que o mesmo é dizer: entregues à bicharada...

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