quinta-feira, novembro 17, 2016

                         Memórias Futuras




Quase se poderia dizer que a vitória de Trump afectou o meu computador a ponto de ter que o levar para a “oficina”.

Não sei se uma coisa e outra têm alguma relação entre si, é de crer que não, mas que eu fiquei muito angustiado tenho que o confessar, especialmente sabendo agora que Hillary teve um milhão de votos a mais do que o opositor, mas nos EUA as “coisas” não funcionam como cá: um homem, um voto.

Lá, o sistema eleitoral é mais complicado pois os votos não são directos nos candidatos mas sim em delegados. Por exemplo, se um eleitor vota no candidato do partido Republicano o que realmente essa pessoa está a fazer é a ordenar ao delegado do seu Estado para que vote no candidato republicano no Colégio Eleitoral.

As regras eram essas à partida e não há que nos queixarmos delas... talvez antes do FBI com a história dos e-mails de Hillary que a afectaram logo nas sondagens e de que ela agora se queixa com razão.

Mas a história faz-se, por vezes, de pequenos grandes pormenores. Sempre foi e há-de continuar a ser assim e, neste caso, a história vai escrever-se com Donald Trump e não com Hillary Clinton, para mal dos pecados do mundo.

Vamos ter agora, de seguida, mais decisões por voto popular: na Alemanha, Áustria, Itália, França, Holanda e toda a Europa, ou melhor dizendo, a Comunidade Europeia, vai estremecer.

Não é ela uma Organização perfeita e são evidentes as desigualdades entre os países do Sul, mediterrâneos, a favor dos do Norte, mais ricos, para onde o dinheiro se encaminha, mas é sempre muito preferível que exista do que não haja nenhuma e seja cada um por si.

Tudo tem a ver com as dificuldades dos cidadãos nas suas vidas que os faz descontentes, torna-los insatisfeitos e lhes retira discernimento no acto de votar, como aconteceu agora nos EU.

Na Europa, crescem as franjas da direita pouco democrática que têm na Srª Le Pen, em França, a sua grande representante, forte ameaça para todos os países europeus, iniciado já com Trump pelo estímulo que ele representou.

Receio, mais do que os políticos, os que neles votam, imitando as pequenas borboletas que voam, desnorteadas, direitas às chamas onde morrem queimadas.

A democracia há muito que deixou de ser salvaguarda de decisões, pelo menos aparentemente desastrosas, mesmo em países que supunham “atilados” no voto, como no caso da Inglaterra, que decidiu por vontade dela sair da Comunidade Europeia, perante o espanto de muito boa gente...

Nasci com o início da 2ª GGM e vivi boa parte da minha vida debaixo de um regime ditatorial em que as decisões eram tomadas e impostas pelo ditador e as consequências estiveram à vista: fui parar à guerra e estou agora a escrever-vos por uma questão de centímetros a que as balas passaram por mim.

Estivesse eu a defender a minha terra e as dos meus antepassados e não me queixaria porque acredito nas guerras justas, que era o caso dos meus inimigos nessa guerra... Se assim tivesse acontecido teria sido vítima de um ditador, o mesmo que manobrou para poupar o país á tal guerra que começou quando eu nasci.

E, por aqui me fico, depois destes dias de ausência.

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