Memórias Futuras
Quase se poderia dizer
que a vitória de Trump afectou o meu computador a ponto de ter que o levar para
a “oficina”.
Não sei se uma coisa e
outra têm alguma relação entre si, é de crer que não, mas que eu fiquei muito
angustiado tenho que o confessar, especialmente sabendo agora que Hillary teve
um milhão de votos a mais do que o opositor, mas nos EUA as “coisas” não
funcionam como cá: um homem, um voto.
Lá, o sistema eleitoral
é mais complicado pois os votos não são directos nos candidatos mas sim em delegados. Por
exemplo, se um eleitor vota no candidato do partido Republicano o que realmente
essa pessoa está a fazer é a ordenar ao delegado do seu Estado para que vote no
candidato republicano no Colégio Eleitoral.
As regras eram essas à partida e não há que
nos queixarmos delas... talvez antes do FBI com a história dos e-mails de
Hillary que a afectaram logo nas sondagens e de que ela agora se queixa com
razão.
Mas a história faz-se,
por vezes, de pequenos grandes pormenores. Sempre foi e há-de continuar a ser
assim e, neste caso, a história vai escrever-se com Donald Trump e não com Hillary
Clinton, para mal dos pecados do mundo.
Vamos ter agora, de
seguida, mais decisões por voto popular: na Alemanha, Áustria, Itália, França,
Holanda e toda a Europa, ou melhor dizendo, a Comunidade Europeia, vai
estremecer.
Não é ela uma Organização
perfeita e são evidentes as desigualdades entre os países do Sul, mediterrâneos,
a favor dos do Norte, mais ricos, para onde o dinheiro se encaminha, mas é
sempre muito preferível que exista do que não haja nenhuma e seja cada um por
si.
Tudo tem a ver com as
dificuldades dos cidadãos nas suas vidas que os faz descontentes, torna-los insatisfeitos
e lhes retira discernimento no acto de votar, como aconteceu agora nos EU.
Na Europa, crescem as
franjas da direita pouco democrática que têm na Srª Le Pen, em França, a sua
grande representante, forte ameaça para todos os países europeus, iniciado já
com Trump pelo estímulo que ele representou.
Receio, mais do que os
políticos, os que neles votam, imitando as pequenas borboletas que voam,
desnorteadas, direitas às chamas onde morrem queimadas.
A democracia há muito
que deixou de ser salvaguarda de decisões, pelo menos aparentemente desastrosas,
mesmo em países que supunham “atilados” no voto, como no caso da Inglaterra, que
decidiu por vontade dela sair da Comunidade Europeia, perante o espanto de
muito boa gente...
Nasci com o início da
2ª GGM e vivi boa parte da minha vida debaixo de um regime ditatorial em que as
decisões eram tomadas e impostas pelo ditador e as consequências estiveram à
vista: fui parar à guerra e estou agora a escrever-vos por uma questão de centímetros
a que as balas passaram por mim.
Estivesse eu a
defender a minha terra e as dos meus antepassados e não me queixaria porque acredito
nas guerras justas, que era o caso dos meus inimigos nessa guerra... Se assim
tivesse acontecido teria sido vítima de um ditador, o mesmo que manobrou para poupar
o país á tal guerra que começou quando eu nasci.
E, por aqui me fico, depois destes dias de ausência.
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