segunda-feira, julho 24, 2006

MAIS UMA VEZ A GUERRA






Quando, na televisão, vemos e ouvimos testemunhos de um lado e de outro, dos que sofrem directamente os efeitos da guerra percebemos com muita facilidade os sentimentos que a uns e a outros estão subjacentes.

Do lado israelita é a fria determinação das pessoas: “esta é a nossa terra e aceitaremos as consequências da guerra sejam elas quais forem e as vezes que forem precisas para sobrevivermos como país.”

Do lado árabe é a raiva, a impotência e o desespero que leva mães a aceitarem e enaltecerem a emulação dos seus filhos transformados em bombas arrastando com eles, para a morte, pessoas inocentes que o único mal que fizeram foi o de estarem num determinado sítio a uma determinada hora.

Dificilmente se encontraria um quadro em que o estado de alma das pessoas seja mais favorável para a destruição recíproca dos respectivos povos porque neste momento já não parece ser mais um problema de fronteiras mas uma questão de direito à sobrevivência.

A supremacia militar e económica de Israel permite-lhe, nesta guerra, como já tinha acontecido nas anteriores, fazer tudo aquilo que o Jumento, muito acertadamente, refere no seu texto Israel – Um País à Margem das Regras.
Mas agora há um elemento novo que estava ausente nas guerras passadas: o terrorismo internacional e a condução da guerra por movimentos religiosos fundamentalistas, casos do Hezbollah, Partido de Deus, que assumiu o controle do Líbano com as suas próprias milícias fortemente armadas pelo Irão e a Síria e do Hamas, criado em 1987 na sequência da 1ª Intifada com o objectivo também de reorientar a sociedade para a religião e que governa a Palestina por ter ganho democraticamente as eleições o que é significativo do estado de espírito das populações.

A posição de fundo destes movimentos é a negação do direito à existência de Israel o que representa uma evolução radical da situação pois nem sequer permite futuras negociações uma vez que não se conversa com quem, para nós, não existe.

E, no entanto, realisticamente, como é referido no texto do Macroscópio “O Conflito do Médio Oriente e a Defesa do Ocidente”a única via é a negociação a fim de chegar a compromissos tanto mais que o conflito do Médio Oriente, ao provocar vítimas que se constituem num espectáculo doloroso de se ver mas que é transmitido para todo o mundo pelas televisões, aprofunda ainda mais os ódios que vão ao encontro das soluções radicais que servem os desígnios de chefes de movimentos religiosos fundamentalistas que procuram o poder para governar através do Corão lido, interpretado e levado à prática por mentes perigosas e doentias completamente avessas ao pensamento ocidental e às nossas conquistas de liberdade e de direitos humanos.
O Xeque Sírio Omar Bakri dizia há tempos numa entrevista:

“Não distinguimos entre civis e não civis apenas entre muçulmanos e descrentes e a vida de um descrente não tem valor”

O Estado de Israel nasceu logo desequilibrado relativamente ao da Palestina mas os sucessivos governos poderiam, a favor da paz, terem procedido oportunamente a justas cedências.

Têm preferido, em vez disso, refugiarem-se na força do seu exército e na cobertura e apoio por parte dos Estados Unidos sem perceberem que um conflito localizado é como uma ferida que não sendo curada alastra e degenera muito em especial naquela zona do mundo.

É verdade que outros países da região, Egipto, Síria, Líbano, Jordânia e Iraque já estiveram envolvidos neste conflito mas esses foram outros tempos.

Agora, confrontamo-nos com um inimigo comum que é o Terrorismo Internacional e nós já o vimos (em directo pela televisão) em Nova Iorque, Londres, Madrid para referir apenas os mais próximos e de maior impacto e sabemos que as raízes dos movimentos que organizam esses ataques estão em certas escolas que ensinam às crianças um certo Corão e ao mesmo tempo a obediência cega aos seus superiores religiosos para funcionarem como futuros soldados do exército de um Deus inventado à medida da ambição desmedida de certos líderes políticos.

E sabemos que os países onde essas escolas funcionam são os que estão na primeira linha contra Israel e tudo isto vai acontecendo como a tal ferida que alastra e degenera.

Por tudo isto, a de visão política dos líderes de Israel recusando conceder aos palestinianos as condições para viverem com dignidade no seu Estado e dos E.U.A. que têm sido maus conselheiros nesta questão, uma guerra que começou por ser um problema a resolver entre israelitas e palestinianos pode tomar proporções muito maiores destabilizando a situação internacional e levando o petróleo para preços que comprometem as perspectivas do nosso desenvolvimento económico.

Este é mais um momento de agravamento de uma guerra que, como diz o 1º Ministro israelita, começou logo em 1948 aquando da constituição oficial de Israel.

Os bombardeamentos, para desespero dos cidadãos que às centenas de milhar fogem das suas casas para não serem mortos e feridos pelo fogo dos canhões e dos mísseis só irão parar, como diz o nosso amigo do Jumento, quando os Israelitas quiserem.

Será assim mais uma vez? E depois, o que se segue?





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