domingo, julho 16, 2006

A ESPIRAL DO ÓDIO E AS SUAS ORIGENS





ISRAEL, em hebraico, significa aquele que luta com Deus e de acordo com as Escrituras bíblicas a terra de Israel foi-lhes prometida por Deus pelo que os judeus a consideram sua desde há 3000 anos.

Nesta terra, que guarda lugares de especial importância para a Religião judaica, nomeadamente as ruínas do primeiro e segundo Templos, existiram durante mais de mil anos, de forma intermitente, estados e reinos judaicos.

Consta que foi uma fracassada revolta contra os Romanos que esteve na origem da expulsão dos Judeus e levou o Imperador Adriano, numa tentativa de os desligar da sua terra, a substituir o nome de Província da Judeia por Província Síria Palaestina.

Os Muçulmanos, por sua vez, conquistaram a região em 638 d.c. e controlaram-na até ela ser integrada no Império Otomano em 1517.

Em 1896 nasce o Sionismo, movimento nacionalista liderado por Theodor Hertzl, que tem como objectivo a criação de um Estado judaico que desse garantias de segurança aos judeus que desde 1882 tinham começado a imigrar para a região onde criaram Universidades, Institutos de Tecnologia, Kibutzes e gozavam já de uma certa autonomia na então chamada Cisjordânia que se encontrava sob administração britânica.

O outro grupo que reclamava igualmente a constituição de um Estado na mesma região era constituído por árabes, nativos daquele local e refugiados de países vizinhos, na sua maioria muçulmanos.

As tensões entre árabes e judeus têm aqui a sua origem que aumentam à medida que, por força da imigração, as populações crescem.

O primeiro massacre ocorre em 1929 quando, a um falso pretexto do assassínio de dois árabes por judeus, são mortos 133 judeus e centenas de outros são feridos.

Em 1933, com a ascensão do nazismo, o número de imigrantes judeus quase que duplica e em 1939 a Administração britânica restringe a imigração de judeus mas perante a situação das vítimas do holocausto nazi e das pressões internas e externas, abre mão do seu Mandato e em 1947 a A.G. das Nações Unidas aprovou o plano para a partilha do território entre um Estado Judeu e outro Árabe levando em linha de conta os locais em que cada população se encontrava.

Mas esta repartição do território não foi correcta e favoreceu descaradamente os judeus que sendo apenas 1/3 dos árabes ficaram com mais do dobro das terras.

Claro que este plano foi imediatamente aceite pelos judeus, liderados então pelo carismático David Ben Gurion e logo a partir daqui, ainda antes de ser declarada a independência de Israel em 1948, ataques organizados contra judeus civis montaram logo o cenário de guerra que prosseguiria após a independência pela invasão de Israel por uma liga constituída pela Síria, Líbano, Jordânia, Iraque e Egipto.

Depois desta guerra que terminou em 1949 com a vitória dos israelitas e o alargamento do seu território que aumenta ainda mais quatro vezes na sequencia da Guerra dos Seis Dias em 1967 passando Israel, a partir de então, a controlar também toda a cidade de Jerusalém.

Cinquenta e sete anos depois da 1ª Guerra e quase 40 depois da 2ª aí temos a 3ª e quando parecia termos estado perto de uma situação de paz.

No entanto, os ódios e os ressentimentos acumulados ao longo de uma convivência de 125 anos permanentemente conflituosa e agora geridos por movimentos religiosos fundamentalistas, caso do Hezbolah e do próprio Hamas, que tendo ganho o poder em eleições democráticas, governa agora a Palestina, fizeram recuar a solução ao ponto zero.

A convicção que nos fica é que com a intervenção da Síria e do Irão no apoio e incentivo àqueles Movimentos, a situação é hoje mais difícil e perigosa que alguma vez foi dado o aproveitamento deste conflito para o integrar em algo mais vasto e que tem a ver com o expansionismo dos regimes fundamentalistas islâmicos deixando todos os decisores políticos mundiais para já, sem saber bem o que fazer.

Os Mísseis que começaram a cair de um lado e outro vão continuar, provavelmente, cada vez mais longe, cada vez mais potentes…até quando?

Populações que estavam condenadas a entenderem-se para poderem viver, porque sem paz não se vive, no máximo sobrevive-se, persistem, mais uma vez, num conflito do qual não vai sair a paz como já não saiu das guerras anteriores não obstante a vitória dos exércitos israelitas.

Parece, de resto, que essas vitórias que expressam uma supremacia militar da parte de Israel que, de facto, existe, têm-nos “impedido” de fazerem, oportunamente, as cedências justas que há muito poderiam ter conduzido à paz.

Em definitivo, a força não é a razão e a paz só é paz quando ambas as partes a entendem e a sentem como tal porque, normalmente, a paz imposta pelas armas dura apenas o tempo necessário para que tudo recomece novamente.

Assim tem sido entre israelitas e palestinianos… até quando
?

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