sexta-feira, agosto 18, 2006

ESTE SALAZAR....






Numa digressão que Marcelo Caetano fez ao interior do país esperava-o uma multidão mobilizada para o receber e um jornalista encarregado de fazer a reportagem põe o microfone à frente de uma mulher e pergunta:

O que é que a senhora pensa deste novo Presidente do Concelho?

A mulher, pessoa do campo, já de idade, de origem humilde, analfabeta, com uma vida de trabalho árduo de sol a sol e um rancho de filhos já criados, respondeu espontaneamente:

Ah, este Salazar é mais simpático que o outro…

Ao responder desta maneira, aquela mulher que tinha o saber ancestral dos povos sabia que:

- Em Portugal o Poder chamava-se Salazar…e, com mais sorrisos ou menos sorrisos, era esse o nome dele.

E o que ela não disse mas estava implícito na resposta foi que, no essencial, tudo continuaria na mesma:

- O Poder é unipessoal e exercido por alguém escolhido por um grupo de pessoas notáveis e sábias;

A eleição de cidadãos pelo voto popular tem como resultado a chegada ao Poder de analfabetos, traidores e desonestos alguns dos quais nem serviam para criados de quarto(M. Caetano).

-O Poder é autoritário e indiscutível e portanto continua a ter que ser imposto pela força pelo que se mantém a PIDE agora chamada DGS e a Censura;

-O Poder declara quais os seus interesses que passam, automaticamente, a serem os interesses do país;

-O Poder só tem obrigação de ser bom para os cidadãos bons, os que o aceitam disciplinadamente sem o contestarem;

- Os que têm a ousadia de afrontarem o Poder devem ser esmagados... (M. Caetano, refugiado no Quartel do Carmo, deu ordens para que uma unidade da GNR descesse a Rua D. Pedro V e outra subisse o Camões para massacrar os milhares de civis concentrados no L. do Carmo o que não aconteceu apenas porque os comandantes da GNR desobedeceram a esta ordem criminosa);

Anos mais tarde, no exílio, a frio, Marcelo Caetano, continuava orgulhoso da ordem que tinha dado e que teria originado uma matança inútil lamentando apenas o seu incumprimento por parte da GNR.

Tal como o seu antecessor, o outro Salazar, nunca admitiu qualquer erro excepto a generosidade e a confiança que dispensou em demasia a quem não a tinha merecido.

Tivessem perguntado à velhota que falou para a TV se iria haver uma “ primavera marcelista” e ela responderia com um sorriso:

- Han, nã senhora!

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