Outros Tempos
Pelo teor das recomendações morais que a seguir transcrevo de Revistas portuguesas dos anos 50 e 60 mais diria que, sobre elas, mais de um século se teria passado mas é justo dizer, até porque eu sou desse tempo, que sendo esta a moral oficial do Regime apoiado esmagadoramente por uma Igreja Católica clerical, reaccionária, cínica e bafienta, estava longe de corresponder àquilo que muita gente já nessa altura pensava.
Frases retiradas de Revistas Femininas das décadas de 50 e 60:
-“Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas” (Jornal das Moças, 1957)
-“Se desconfiar da infidelidade do marido a esposa deve redobrar o seu carinho e provas de afecto”. (Revista Cláudia 1962)
-“ A desarrumação numa casa de banho desperta no marido a vontade de tomar banho fora de casa”. (Jornal das Moças 1965)
-“ A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos”. (Jornal das Moças 1959)
-“ Se o seu marido fuma, não arranje zangas pelo simples facto de cair cinza nos tapetes. Tenha cinzeiros espalhados por toda a casa.”
(Jornal das Moças 1959”)
-“A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar a uma mulher que não tenha resistido a experiências pré-nupciais, mostrando que era perfeita e única tal como ele a idealizara” (Revista Cláudia, 1962)
-“Mesmo que um homem consiga divertir-se com a sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu” (Revista Querida 1954)
-“O noivado longo é um perigo” (Revista Querida1953)
-“É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido” (Jornal das Moças 1957)
E, finalmente:
“ O lugar da mulher é no lar, o trabalho fora de casa masculiniza” (Revista Querida 1955)
A submissão da esposa ao marido alternava, depois, com a submissão dele ao patrão, na fábrica e na Repartição, ao chefe.
Este foi o Portugal que as novas gerações herdaram e que foi vivido, pelo menos, pelos seus avós.
Estas Revistas eram respeitadas e tinham força dentro do regime e hoje, perante certos comportamentos, parece que nos esquecemos deste passado ainda tão recente.
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Também pela mesma data, dentro de um autocarro, no Estado racista do Mississipi dos E.U.A., o motorista, farto de tantas brigas entre pretos e brancos pára o autocarro, levanta-se do seu lugar e virando-se para os passageiros grita alto e bom som:
BASTA!
-Não quero mais brigas no meu autocarro, a partir de agora acabaram-se os pretos e brancos, somos todos verdes!
-Apoiado, muito bem, responderam todos.
Uns momentos de silêncio e alguém pergunta:
-Mas…e onde nos sentamos agora?
E o expedito motorista:
- Os verdes claros à esquerda e os verdes escuros à direita…
Mas nem esta história impediu que hoje os EUA tenham um candidato negro às próximas eleições para Presidente.
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