quinta-feira, maio 10, 2007

Quem pára a escandalosa subida dos ordenados dos nossos gestores?


QUEM PÁRA A ESCANDALOSA SUBIDA DOS ORDENADOS DOS NOSSOS GESTORES?



De 2000 a 2005, os salários dos administradores das empresas do PSI20 aumentaram 220% atingindo valores de 3 a 4 milhões de euros por ano enquanto, no mesmo período, os salários nacionais cresceram 15,7% e a economia aumentou menos de 1% ao ano.

Ao produzir esta informação no debate do programa Prós e Contas Miguel Portas tinha a certeza que ia chocar o auditório não apenas o presente na Casa do Artista mas principalmente os muitos milhares em frente dos televisores fazendo perpassar a ideia de que aquela denúncia feita por um homem de esquerda em tom de forte acusação comprovava a ideia de que aquela e não a direita, é a parte honesta da sociedade.

Para trás ficou a discussão à volta dos conceitos de esquerda e direita a propósito da vitória nas eleições francesas de Sarkozy, candidato da direita, sobre Ségolène do partido socialista francês.


Na realidade, não sei, embora tenha poucas dúvidas a esse respeito, se este conjunto de senhores gestores das empresas do PSI20 são de direita ou de esquerda.

Por mim, creio que as suas linhas ideológicas são rectas que vão directamente dos cofres das empresas para as suas contas bancárias, pois são eles que se aumentam a si próprios desta forma obscena acometidos que estão de pura avidez, de um desejo insaciável, de uma voracidade indomável por dinheiro.

Não tem a ver com os resultados financeiros das empresas por eles administradas como é óbvio, não tem igualmente a ver com a evolução dos ordenados dos gestores, seus colegas da Europa e do resto do mundo e muito menos se revêem na evolução dos salários dos restantes portugueses ou da riqueza produzida no país pelo que nada, absolutamente nada, os justifica.

Mas será então que estes senhores estão a cometer alguma ilegalidade?

Não, em absoluto, não cometem nenhuma ilegalidade o que, para mim, é ainda mais condenável porque não correm o risco de serem presos, é a impunidade total perante a desfaçatez de um comportamento imoral, eticamente condenável e injusto de todos os pontos de vista.

Guardam para si uma fatia da riqueza produzida pelas suas empresas que é maior, proporcionalmente, do que aquela que é reservada aos restantes trabalhadores e, muito pior ainda, retiram uma fatia crescente de um bolo que por vezes não cresceu ou até mesmo quando o fizeram diminuir… e o “prémio” são subidas de ordenados em autentica espiral.

Esta situação é perversa e transforma as empresas que deveriam ser fontes de riqueza e bem-estar para todos que, de uma forma ou outra, a ela estão ligados, em fontes de injustiça.

Paulo Rangel, que ali estava como representante da direita ou de uma certa direita, porque ficamos a saber que hoje em dia tudo se complicou e há várias direitas e várias esquerdas podendo mesmo uma pessoa ser de direita numas coisas e de esquerda noutras, não acusou Miguel Portas de fazer críticas demagógicas como costuma acontecer quando se denunciam este tipo de injustiças mas censurou-o por não apresentar uma solução.

Dr. Paulo Rangel:

-Não considero que a denúncia pública destas situações, só por si, constitua uma solução mas não é menos verdade que não se tendo associado pessoalmente a essa denúncia também não contribuiu nada para a solução.

-Por outro lado, não estando nós perante nenhuma ilegalidade, como já foi dito, resta-nos esperar que o mercado corrija estas situações aumentando a oferta de gestores de qualidade e enquanto vamos esperando vale a pena actuar junto das consciências do público consumidor e talvez assim os accionistas despertem para estas situações na defesa dos interesses das próprias empresas.

-Estes senhores gestores estão a transformar-se numa espécie de Casta dentro da nossa sociedade porque tendem a eternizarem-se nestes lugares, saltando de empresa para empresa, e recebendo nos intervalos, chorudas indemnizações como resultado de Contratos preparados cuidadosamente para esse efeito.

- Esta situação é escandalosa, um péssimo exemplo para os cidadãos, desmotivadora de toda a espécie de sacrifícios tanto mais que acontecem em empresas públicas ou de capitais maioritariamente públicos.

- O seu discurso na Assembleia da República nas Comemorações do 25 de Abril foi uma espécie de “toque a rebate” contra as ameaças à liberdade e à concentração do poder do Governo de José Sócrates.

-Sinceramente, nós que andamos cá há uns anitos já percebemos que os portugueses não são facilmente governáveis. Ao longo da sua história foram acumulando vícios e manhas, muitas vezes como forma de sobrevivência mas que não ajudam no processo da governação e, talvez isso, explique que este governo, na tentativa de empreender reformas difíceis por todos consideradas necessárias, tenha alguma tendência para reforçar e concentrar poderes e se no dia em que se comemorava a Liberdade decidiu usar da palavra para a defender, mesmo com algum alarmismo, não sou eu, para quem o 25 de Abril foi a Liberdade, que o critico por isso, pelo contrário.

-Mas a Liberdade do 25 de Abril é um conceito vasto e ambicioso que não lhe permite ficar mudo e não se pronunciar abertamente contra situações de injustiça e desigualdade descaradas que constituem uma ofensa a todos quantos neste país trabalham honestamente com os sacrifícios e privações bem conhecidos de milhares de famílias.

-Se o Dr. Paulo Rangel não tem coragem para condenar pública e abertamente essas situações então, por favor, não faça discursos como aquele que fez na Assembleia da República porque eles não são sinceros mas apenas uma questão de política partidária de quem é oposição e anseia ser Poder sabe-se lá se para cometer os mesmos pecados de que acusou, no seu bonito e arrebatado discurso, o governo de Sócrates.












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