quarta-feira, abril 25, 2007

A Revolução do 25 de Abril


A REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL

Comemora-se hoje mais um ano sobre a Revolução do 25 de Abril e, na minha opinião, a única revolução verdadeiramente merecedora de ser comemorada.

Neste dia, passados 33 anos, não há viúvas para lamentarem os seus homens, nem mães a chorarem os filhos, nem a Nação empobrecida por ter visto abalar os seus melhores cidadãos envolvidos numa luta fratricida ou simplesmente vítimas de balas perdidas.

Nesse dia, não houve balas perdidas, o sangue não correu pelas ruas, o ódio e a vingança não ditaram as suas leis e à noite os portugueses deitaram-se sem remorsos na consciência.

Nesse dia, os portugueses transformaram em sorrisos o que poderiam ter sido lágrimas e em vez de barricadas o que se viu foi a confraternização de um povo feliz.

Inverteu-se um destino, mudou-se um rumo, caiu um regime e não rolaram cabeças que, em vez disso, foram amavelmente convidadas a seguir para destinos turísticos.

Revolução como esta não consta dos manuais de história e se antes dela alguém tivesse falado em “Revolução dos Cravos” no mínimo teria sido entendida como uma piada de mau gosto.

Mas também é verdade que Carros de Combate que descem à capital para tomar o poder e param aos sinais vermelhos do trânsito aguardando disciplinadamente que surja o verde para seguirem a sua marcha, só é entendível numa “Revolução de Cravos”.

E quando, obtida a vitória, ao fim do dia, o principal responsável operacional, Capitão Salgueiro Maia, regressa ao Quartel para continuar as suas funções como se nada de importante se tivesse passado, mais reforçada fica a ideia que a Revolução era mesmo de Cravos.

Mas se ainda subsistissem dúvidas, sabe-se hoje, 33 anos depois, que a maioria dos principais responsáveis e promotores dessa Revolução não beneficiou nada com ela tendo ficado pelos postos de major, (o ideólogo Melo Antunes), Tenentes-Coronéis e Coronéis respeitando, com uma ou outra excepção, a ideia concertada previamente pelos então “Capitães de Abril” que a “vitória”, a acontecer, não deveria conduzir a uma onda de promoções, graduações ou condecorações.

Percebo que era “difícil” ao Movimento dos Capitães ter enviado para todos os países do mundo um convite para que um pequeno grupo de pessoas seus representantes tivesse estado presente a assistir à Revolução dos Cravos.

Eles “perderam” um belo espectáculo e uma grande lição dada por um pequeno país de pessoas que eram tristes porque há muito tinham perdido a liberdade mas que guardavam dentro de si a esperança de um dia a reencontrarem e então, pelo menos nesse dia, foram felizes, muito felizes, com aquela felicidade que só a liberdade concede.

Se a vida de um país pudesse ser comparada com a vida de uma pessoa que nasce, cresce, vive e morre eu não teria dúvida nenhuma em afirmar que o dia 25 de Abril do ano 1974 da vida desse país feito pessoa, teria sido o mais fascinante de todos eles porque congregou em doses de volúpia sentimentos de amor e de esperança no futuro como nunca foram vividos por tanta gente em um só dia.










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