Falta de carácter
Falta de Carácter
O Dr. Marques Mendes, numa primeira reacção à entrevista que o 1º Ministro concedeu à Televisão para explicar o seu percurso académico na Universidade Independente, acusou-o de falta de carácter tendo, mais tarde, insistido que não retirava nem acrescentava nada ao que tinha afirmado.
Pedro Rodrigues, líder da JSD, em apoio ao chefe do seu partido, declarou ontem no Congresso da Juventude, que José Sócrates “revelou falta de carácter sobre as suas habilitações literárias” e logo adiantou que, nesta linha, também “não tem carácter para governar Portugal.”
Não sei porquê, mas estes jovens das Juventudes Partidárias fazem-me lembrar as Claques dos Clubes de Futebol cheias de adrenalina, fervendo de amor ao Clube, sedentas de vitórias…
Em vez de gritos e apupos ao adversário, os elementos das Jotas, apresentam um ar de compenetrada intelectualidade e profundo saber num ensaio para quando, mais tarde, tiverem que fazer declarações no exercício dos cargos do poder para os quais, esperam, vir a ser chamados.
Mas esta “tirada” do líder da JSD foi, claramente, de colagem ao Chefe que tinha sido bastante criticado pela acusação de “falta de carácter” a José Sócrates acusação esta que, entre nós, tem uma gravidade que na escala de Richter de avaliação dos terramotos, será de 8 ou 9 imediatamente antes de “pulha”.
Estas questões de “carácter” não são de fácil medição pois os comportamentos que lhes estão na origem têm que ser vistos e entendidos à luz de muita coisa que, no nosso caso, se resumem “só” aos valores da nossa civilização: ser bom filho, bom pai, bom chefe de família, bom cidadão, bom cristão, enfim, um sem número de juízos sobre uma série de conceitos de grande complexidade entre os quais estará o de “ ser verdadeiro”.
Ora bem, não está provado que José Sócrates tenha mentido no que afirmou nessa entrevista embora, naturalmente, as suas declarações tenham sido ajustadas à defesa da sua posição de aluno que fez parte do seu percurso académico na U. Independente sem favores especiais para além dos que resultavam do funcionamento pouco rigoroso e exigente daquela Universidade.
Mas se me perguntassem se eu queria para o meu país um 1º Ministro, este ou qualquer outro, que dissesse sempre a verdade eu não teria dúvidas em responder que não e não estou, de forma alguma, a fazer a apologia da mentira em política mas apenas a reconhecer que governar um país implica “uma estratégia de relacionamento com a verdade” sem a qual o exercício da função é impossível sem prejuízo para os interesses dos próprios governados.
Não esqueçamos que, por exemplo, para Aristóteles “a verdade é uma adequação entre aquilo que se dá na realidade e o que se dá na mente”, para Nietzsche “a verdade é um ponto de vista” e para Óscar Wilde “ a verdade jamais é pura e raramente é simples”
Não sei se o líder da JSD já tinha reflectido sobre isto quando se pronunciou sobre a “falta de carácter de José Sócrates para governar” ou se ao fazê-lo está simplesmente a treinar a “sua estratégia de relacionamento com a verdade” para quando, um dia, também ele, vier a ser 1º Ministro…
O Dr. Marques Mendes, numa primeira reacção à entrevista que o 1º Ministro concedeu à Televisão para explicar o seu percurso académico na Universidade Independente, acusou-o de falta de carácter tendo, mais tarde, insistido que não retirava nem acrescentava nada ao que tinha afirmado.
Pedro Rodrigues, líder da JSD, em apoio ao chefe do seu partido, declarou ontem no Congresso da Juventude, que José Sócrates “revelou falta de carácter sobre as suas habilitações literárias” e logo adiantou que, nesta linha, também “não tem carácter para governar Portugal.”
Não sei porquê, mas estes jovens das Juventudes Partidárias fazem-me lembrar as Claques dos Clubes de Futebol cheias de adrenalina, fervendo de amor ao Clube, sedentas de vitórias…
Em vez de gritos e apupos ao adversário, os elementos das Jotas, apresentam um ar de compenetrada intelectualidade e profundo saber num ensaio para quando, mais tarde, tiverem que fazer declarações no exercício dos cargos do poder para os quais, esperam, vir a ser chamados.
Mas esta “tirada” do líder da JSD foi, claramente, de colagem ao Chefe que tinha sido bastante criticado pela acusação de “falta de carácter” a José Sócrates acusação esta que, entre nós, tem uma gravidade que na escala de Richter de avaliação dos terramotos, será de 8 ou 9 imediatamente antes de “pulha”.
Estas questões de “carácter” não são de fácil medição pois os comportamentos que lhes estão na origem têm que ser vistos e entendidos à luz de muita coisa que, no nosso caso, se resumem “só” aos valores da nossa civilização: ser bom filho, bom pai, bom chefe de família, bom cidadão, bom cristão, enfim, um sem número de juízos sobre uma série de conceitos de grande complexidade entre os quais estará o de “ ser verdadeiro”.
Ora bem, não está provado que José Sócrates tenha mentido no que afirmou nessa entrevista embora, naturalmente, as suas declarações tenham sido ajustadas à defesa da sua posição de aluno que fez parte do seu percurso académico na U. Independente sem favores especiais para além dos que resultavam do funcionamento pouco rigoroso e exigente daquela Universidade.
Mas se me perguntassem se eu queria para o meu país um 1º Ministro, este ou qualquer outro, que dissesse sempre a verdade eu não teria dúvidas em responder que não e não estou, de forma alguma, a fazer a apologia da mentira em política mas apenas a reconhecer que governar um país implica “uma estratégia de relacionamento com a verdade” sem a qual o exercício da função é impossível sem prejuízo para os interesses dos próprios governados.
Não esqueçamos que, por exemplo, para Aristóteles “a verdade é uma adequação entre aquilo que se dá na realidade e o que se dá na mente”, para Nietzsche “a verdade é um ponto de vista” e para Óscar Wilde “ a verdade jamais é pura e raramente é simples”
Não sei se o líder da JSD já tinha reflectido sobre isto quando se pronunciou sobre a “falta de carácter de José Sócrates para governar” ou se ao fazê-lo está simplesmente a treinar a “sua estratégia de relacionamento com a verdade” para quando, um dia, também ele, vier a ser 1º Ministro…
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