terça-feira, janeiro 04, 2011

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 76 SOB O TEMA:

“A EVANGELIZAÇÂO DA AMÉRICA” (6º e último)



África – "O Pecado" da Europa.

Recordemos o livro “Africa, Pecado da Europa” do economista e catedrático espanho-salvadorenho, Luís Sebastian (Editorial Trotta, 2006) que analisa a história das consequências da presença da europa em África desde meados do século XV até hoje e que conduziu ao que Sebastian chama o “descarrilamento” desse continente.

O livro demonstra que, embora sejam diversas as razões históricas que fizeram com que o continente africano seja actualmente o mais pobre, a europa tem obrigação de reflectir sobre as causas que estão relacionadas com o seu “pecado”: o tráfico de escravos e a exploração colonial.

O texto promove uma reparação desse “pecado” histórico hoje, quando a massiva presença de africanos na europa, especialmente em Espanha, a torna mais urgente.


Eduardo Galeano


Escritor e jornalista uruguaio, apaixonado pela história antiga e actual da América Latina. Participa de um programa como conhecedor dos horrores e esplendores dessa história.

Dezenas de Edições tiveram já o seu clássico “As Feridas Abertas da América Latina” (1971) onde relata a história da América Latina desde os tempos da Conquista e Evangelização, realçando os mecanismos de exploração e saque que sangraram o continente. Edições, traduções, galardões teve também outro dos seus clássicos posteriores “Memória do Fogo” que narra em três volumes os momentos importantes, inolvidáveis e pouco conhecidos da história latino-americana.

Os livros de Galeano têm sempre investigação, perspicácia, beleza, humor e amor. Num deles “Patas Arriba, La Escuela Del Mundo Al Revés” (1998) descreve assim os Latino -Americanos:

- “Dizem que faltámos ao nosso encontro com a História e há que reconhecer que chegámos tarde a todos eles. Tão pouco temos podido tomar o poder e a verdade é que às vezes nos perdemos pelo caminho e nos enganámos na direcção e depois fazemos um grande discurso sobre o tema. Nós, os latino-americanos temos uma maldita fama de charlatães, vagabundos, arruaceiros, caloteiros, festivaleiros e, por alguma coisa será.

Ensinaram-nos que, pela lei do mercado, o que não tem preço não tem valor e sabemos que a nossa cotização não é muito alta.

Sem dúvida que o nosso fino olfacto para os negócios nos faz pagar por tudo o que vendemos e nos permite comprar todos os espelhos que nos atraiçoam.

Levamos quinhentos anos aprendendo a odiar-nos e a trabalhar de alma e coração para a nossa perdição e é nisso que estamos. No entanto, não conseguimos corrigir esta nossa mania de sonharmos acordados em choque com tudo e com uma certa tendência para a ressurreição inexplicável."

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